Autor: Lusa / AO online
O documento terá sido entregue por um cidadão anónimo em Paris no Memorial da Shoah, monumento em memória dos judeus mortos durante o Holocausto, precisou o advogado, conhecido por ser 'caçador' de antigos nazis e fundador da associação de filhos e filhas de deportados judeus de França.
O documento inédito tem anotações de Philippe Pétain, a lápis. O texto, "extremamente antissemita", uma vez reescrito pelo chefe de regime de Vichy (onde o Governo se instalou durante a ocupação da Alemanha) viu vincada esta faceta.
Segundo o advogadoe o seu filho Atno, que comparou a caligrafia com a de outros documentos manuscritos de Pétain, não há "qualquer dúvida" de que as anotações são do marechal.
"A descoberta deste projeto é fundamental. É um documento que mostra o papel determinante de Pétain na redação deste estatuto, no seu sentido mais agressivo, revelando um profundo antissemitismo" do chefe de estado francês, explicou.
Enquanto o projeto de texto inicial previa salvar os "descendentes de judeus nascidos em França ou naturalizados antes de 1860", o marechal decide eliminar tal referência.
O campo de concentração de judeus é também consideravelmente alargado. A justiça e o ensino são-lhes completamente vedados e o texto proíbe completamente a sua eleição.
"O principal argumento dos defensores de Pétain é dizer que ele protegeu os judeus franceses. Esse argumento cai por terra", afirma Serge Klarsfeld, citado pela France Presse.