Açoriano Oriental
# dia 09a - da minha janela avisto o mar/a serra...

Durante a tarde, sentei-me no quintal a apanhar sol com o meu caderno, ele vinha e ia. Fazia frio à sombra, mas soube-me bem.


Autor: Sara Rocha Silva

Comecei por pintar o fundo em tom de azul e roxo, deixei secar. Depois de pintar as nuvens rápidas pelo vento e começar a fazer apontamentos da camada seguinte como quem monta um cenário, recebemos uma visita querida. Interrompi meu desenho mas logo depois retomei, aí surgiu camadas de branco e de negro. Eu tinha escolhido o meu quintal como o que avisto da minha janela, pode soar parvo mas sento-me lá fora, inserida numa moldura espacial. Não sei se foi uma boa opção, mas em fim. Entretanto, passei para dentro de casa, no sofá. Olhei para o desenho de pernas para o ar como se tivesse a flutuar, a desafiar a lei da gravidade. Pensei em desenhar-me nas páginas seguintes sem sombras para evidenciar a ideia, mas acabei por ver minhas mãos sobre o caderno, e contornei um dedo, preenchi-lhe com detalhes e a seguir contornei sua sombra. A questão da janela, ainda, vinha ao de cima. Atrás de mim pela janela vinha luz, incidia sobre o papel, fazia sombras. Anotei as zonas de contraste através da linha de contorno, não só através das sombras do relevo do papel como o que estava do outro lado, por detrás devido à não total opacidade do papel. Esses contrastes desvaneciam, apareciam e se fundiam. Quando dei como acabado, entrou minha mãe com o Papi e com um trevo de 5 folhas, após a sua caminhada. Não gosto de apanhar flores e plantas, no entanto lá estava ele, símbolo de sorte, de azar e de uma caminhada ao ar livre. Hoje ouvi a professora Alexandra, se não me engano, com a analogia da janela e dos nossos cadernos. Aqui vai a minha janela!

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