Açoriano Oriental
Costa exige que Passos chame a si questão das Lajes
O secretário-geral do PS exigiu que o primeiro-ministro chame a si a questão da decisão norte-americana de reduzir a presença na Base das Lajes, considerando estar perante "uma nuvem negra" nas relações com os Estados Unidos.

Autor: Lusa/AO online

 

António Costa falava aos jornalistas após ter estado reunido cerca de uma hora com o presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, encontro que decorreu na sede nacional do PS, em Lisboa.

Num encontro em que estiveram também presentes o ex-líder do Governo Regional dos Açores e atual presidente do PS, Carlos César, assim como o dirigente socialista Sérgio Sousa Pinto, António Costa criticou a atuação do Governo "neste enorme revés" da política externa portuguesa: "É uma matéria que deveria ter estado sempre na primeira linha das preocupações do senhor primeiro-ministro, e se ainda não o fez devia de imediato chamá-la a si, porque exige ser conduzida ao mais alto nível do Governo".

De acordo com o secretário-geral do PS, o Governo tem de explicar aos portugueses e na Assembleia da República "o que tenciona fazer relativamente aos Estados Unidos, em particular no que respeita à decisão unilateral tomada sobre a utilização da Base das Lajes".

"Está já pedida a comparência do Governo na Assembleia da República e é necessário que o Governo dê uma explicação cabal. Simultaneamente, o Governo tem também um dever para com a Região Autónoma dos Açores e deve trabalhar [com o executivo regional] para planear medidas cautelares que sejam necessárias se esta decisão for implementada, de forma a salvaguardar os interesses da região e, em particular, a situação social e económica da ilha Terceira", defendeu o líder socialista.

António Costa disse estar a acompanhar "com a maior preocupação" a decisão norte-americana de reduzir a sua presença na Base das Lajes, e considerou que essa mesma decisão de Washington introduz "uma nuvem negra" nas relações com os Estados Unidos e advogou que constitui "uma desvalorização" geoestratégica de Portugal.

"Lamentamos que o Governo também sobre esta matéria não tenha entendido que devia assegurar que o PS e os restantes partidos da oposição acompanhassem a par e passo o evoluir da situação. O Governo tem agora de explicar como chegámos até aqui e o que pretende fazer para se ultrapassar a atual situação", disse.

De acordo com o secretário-geral do PS, na questão da Base das Lajes, Pedro Passos Coelho "tem de chamar a si um dossiê, que é da maior importância", falando mesmo numa questão de soberania.

"Esta não é só uma questão regional, mas sim uma questão eminentemente nacional, porque está no centro da nossa relação com os Estados Unidos e porque se trata da sua desvalorização geoestratégia, da sua dimensão atlântica", declarou.

Neste contexto, António Costa defendeu depois que a problemática em torno da Base das Lages "é algo central para a afirmação de Portugal enquanto nação soberana, enquanto Estado e enquanto potência marítima e atlântica".

"É por isso fundamental que o senhor primeiro-ministro concentre a sua atenção nesta matéria", insistiu.

Questionado sobre qual é o caminho defendido pelo PS face ao futuro da Base das Lajes, o líder socialista disse que o seu partido "dará as sugestões quando o Governo entender que deve ouvir" o PS.

"O resultado deste processo é péssimo. Certamente, se o processo tivesse sido bem conduzido, o resultado não teria sido este. O Governo deve explicações aos portugueses, deve explicações no local próprio e deve também articular com o Governo Regional dos Açores e com o conjunto das forças políticas portuguesas o modo como responder, tendo em vista acautelar a situação económica e social na ilha Terceira", acrescentou.

 

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