Costa diz que adesão não é a resposta urgente de que Ucrânia precisa
UE/Cimeira
10 de mar. de 2022, 18:03
— Lusa/AO Online
À
chegada a uma cimeira informal de chefes de Estado e de Governo da UE
em Versalhes, França, dominada pela agressão militar russa à Ucrânia e a
resposta do bloco europeu, e numa altura em que alguns Estados-membros
defendem um procedimento rápido para a adesão da Ucrânia – já
formalmente solicitada por Kiev, em 28 de fevereiro -, Costa disse que
há várias outras possibilidades de apoiar o país e dar confiança aos
ucranianos que não através de um processo “necessariamente demorado,
necessariamente incerto”.“Nós
sabemos por experiência própria: apresentámos o pedido de adesão em
(19)77, entrámos em (19)86. […] Não sei se ainda se lembram que até nós
ouvimos aquela canção do «queremos ver Portugal na CEE», porque a certa
altura já era mesmo um tema de humor. São processos sempre muito
longos”, disse o chefe de Governo, recordando que “há países que estão
há anos, e anos e anos a negociar e ainda não conseguiram a adesão”. Segundo
António Costa, “o que a Ucrânia hoje precisa é de uma resposta urgente e
efetiva”, e cabe aos 27 serem “imaginativos, dar uma resposta que seja
concreta, rápida e que produza o efeito essencial, que é apoiar a
reconstrução da Ucrânia, dar confiança aos ucranianos no futuro do seu
desenvolvimento económico”. “E
entre a adesão e o acordo de associação que já existe, há várias
hipóteses onde é preciso ser imaginativo e saber trabalhar, para que a
resposta seja efetiva, rápida, urgente, e não seja algo que se estenda
no tempo”, sustentou, apontando também que “é claro que não” há
procedimentos rápidos de adesão contemplados nos Tratados.A
Eslováquia, vizinha da Ucrânia, anunciou hoje que vai propor na cimeira
informal de Versalhes um roteiro para que este país possa aderir ao
bloco comunitário em cinco anos.O
objetivo é que a Ucrânia "alcance a harmonização total da sua
legislação e das suas instituições no prazo de cinco anos, para que
possa funcionar como um Estado-membro", refere um comunicado do governo
eslovaco.Os
chefes de Estado e de Governo da UE iniciam hoje em Versalhes uma
cimeira de dois dias originalmente consagrada à economia, mas que se
focará agora na defesa e energia, por força da ofensiva russa na
Ucrânia.Agendada
há muito pela atual presidência francesa do Conselho da UE, esta
cimeira era dedicada integralmente ao “novo modelo europeu de
crescimento e investimento”, mas a invasão da Ucrânia pela Rússia, há
duas semanas, e as consequências do conflito militar para o bloco
europeu impuseram inevitavelmente alterações na ordem de trabalhos do
encontro, que já não será exclusivamente de cariz económico.Os
líderes dos 27, entre os quais o primeiro-ministro António Costa, vão
designadamente discutir, no histórico Palácio de Versalhes, formas de
reduzir a dependência europeia do petróleo e do gás russo e como lidar
com o aumento dos preços da energia.