Costa afirma que ação do SIS não envolveu autorização sua nem de Mendonça Mendes
1 de jun. de 2023, 08:55
— Lusa/AO Online
Estas
afirmações constam das respostas de António Costa, a que a agência Lusa
teve acesso, a um requerimento do PSD com quinze perguntas sobre a
atuação do Serviço de Informações de Segurança (SIS) para a recuperação
do portátil levado por Frederico Pinheiro, ex-adjunto do ministro das
Infraestruturas, João Galamba, na noite de 26 de abril.No
requerimento, PSD refere que “o ministro da Infraestruturas declarou
que foi o secretário de Estado de Adjunto do primeiro-ministro, António
Mendonça Mendes, que sugeriu a intervenção do SIRP (Sistema de
Informações da República Portuguesa)/SIS” e pergunta “qual o fundamento
dessa sugestão, quando é que ocorreu e em que termos”.António
Costa responde que, “de acordo com o exposto pelo ministro das
Infraestruturas e confirmado pela sua chefe do gabinete [Eugénia
Correia], a iniciativa de contactar o SIS partiu da própria chefe do
gabinete do ministro das Infraestruturas, não tendo resultado de
sugestão do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro”.António
Costa reitera que, no seu entender, “a chefe do gabinete do ministro
das Infraestruturas agiu corretamente perante a quebra de segurança de
documentos classificados”.Quanto ao
momento e termos em que o ministro das Infraestruturas o informou sobre o
recurso ao SIRP/SIS para a recuperação do computador, o líder do
executivo declara: “Como já foi repetidamente explicado, o ministro das
Infraestruturas contactou-me telefonicamente na noite de 26 para 27 de
abril, tendo-me informado resumidamente do ocorrido e tranquilizando-me
que já havia sido comunicado às autoridades competentes, nomeadamente ao
SIS”.Interrogado se, ao ser informado,
“autorizou, aprovou ou aceitou, ainda que tacitamente, essa decisão”, o
primeiro-ministro rejeitou ter sido chamado a dar qualquer autorização:
“Como também já afirmei pública e repetidamente não fui, nem tinha de
ser, informado previamente de qualquer ação do ao SIS, pelo que não fui
chamado a conceder qualquer autorização”.“Aliás,
estou em crer, pelo que tem sido dito pelos diversos intervenientes,
que quando falei com o ministro das Infraestruturas já o SIS tinha
contactado o Dr. Frederico Pinheiro e com ele combinado a devolução
voluntária e livre do computador, como o próprio declarou à comunicação
social nos dias 28, 29 e 30 de abril”, acrescenta.Sobre
a base legal em que se fundamentou a intervenção do SIS, outra das
perguntas do PSD, Costa realça que a secretária-geral do SIRP,
embaixadora Graça Mira Gomes, e o diretor do SIS, Adélio Neiva da Cruz,
“já tiveram ocasião de precisar junto da Comissão Parlamentar de
Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias a base legal
da sua atuação e os órgãos competentes para a fiscalização da atuação
dos serviços de informações já declararam publicamente – e por
unanimidade – não haver indícios de ter havido atuação ilegal por parte
do SIS”.“Da minha parte, com base na
avaliação do Conselho de Fiscalização do SIRP que obtive junto da
secretária-geral do SIRP, reafirmo o que já disse anteriormente.
Considero que o SIS agiu adequada e proporcionalmente no âmbito das suas
competências de natureza preventiva, face à atual avaliação do quadro
de ameaças sobre infraestruturas críticas e perante o alerta de quebra
de segurança de documentos classificados no Ministério das
Infraestruturas, resultante da apropriação indevida e com recurso à
violência de um computador do Estado português”, advoga.Ao
referir que houve “apropriação indevida e com recurso à violência de um
computador”, António Costa responde também a outra pergunta, sobre se
“mantém a versão de que existiu um roubo do computador”.O
SIS interveio na recuperação de um computador levado do Ministério das
Infraestruturas por Frederico Pinheiro, que tinha sido demitido nessa
noite.Este caso envolve denúncias contra o
ex-adjunto de Galamba por violência física no ministério rejeitadas
pelo próprio, que se queixa de ter sido sequestrado no edifício.Após
os incidentes de 26 de abril, surgiram publicamente versões contrárias
entre elementos do gabinete do ministro e Frederico Pinheiro também
sobre informações a prestar pelo Governo à Comissão Parlamentar de
Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP.