Açoriano Oriental
Conselho deontológico pede explicações à administração
O conselho deontológico do Sindicato dos Jornalistas quer que a administração da RTP explique as medidas a adoptar face às recentes acusações de José Rodrigues dos Santos e sobre uma deliberação de 2004 da AACS que apontou falhas na independência da estação.

Autor: Lusa / AO online
    O organismo quer um "esclarecimento cabal" da administração da RTP quanto à posição que tem [relativamente às acusações do jornalista de que o poder político passa "recados" à direcção de Informação através das administrações da empresa] e à leitura que fez da deliberação da AACS [Alta Autoridade para a Comunicação Social, antecessora da actual entidade reguladora]".

    Esclarecimentos que o organismo do Sindicato dos Jornalistas pretende obter a fim de "fundamentar" um parecer sobre o assunto, como refere em comunicado hoje divulgado.

    Assumindo-se preocupado com a decisão do conselho de administração da RTP de "iniciar os procedimentos legais" em relação ao pivot da RTP devido às declarações deste à revista Publica do passado fim-de-semana, o conselho deontológico lembra que o jornalista pediu um parecer "antes da decisão da administração da RTP ser conhecida".

    O parecer a emitir é relativo "à polémica das declarações actuais e aos acontecimentos que determinaram a sua demissão [de José Rodrigues dos Santos] de director de Informação da RTP em 2004", adianta no mesmo comunicado.

    Em entrevista dada domingo passado à revista Pública - intitulada "A administração da RTP passa recados do poder político" -, o pivot da RTP afirmou que a administração da RTP interferiu na nomeação de Rosa Veloso para correspondente em Madrid em 2004, decisão que, segundo defendeu, compete apenas à direcção de informação.

    A alegada interferência levou José Rodrigues dos Santos a demitir-se juntamente com a restante equipa da direcção de Informação.

    Apesar de o conselho de administração ter assegurado terça-feira que o jornalista apenas concretizou as acusações com “um facto ocorrido há 3 anos e que na altura foi esclarecido nos locais próprios (AACS e Assembleia da República)”, o conselho deontológico recorda que essa não foi a conclusão da Alta Autoridade.

    Esta entidade "considerou que o processo envolvente dos factos revelou 'uma criticável falta de clareza na separação de responsabilidades entre a administração e a direcção de Informação do operador público, com prejuízo para a independência e liberdade editorial'".

    o organismo salienta ainda que "um jornalista, mesmo que detentor de um cargo de director de Informação, tem direito à protecção da independência e o dever ético de denunciar interferências consumadas na área editorial por entidades que não são jornalísticas".
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