Cidade "fantasma" japonesa visitável no "Street View" da Google

28 de mar. de 2013, 15:26 — Lusa/AO Online

O "Street View", um projeto que possibilita a visualização de ruas e estradas através do serviço de mapas, permite às pessoas visitarem as ruas da cidade de Namie, metade das quais se encontram dentro do perímetro de acesso proibido, limitado a 20 quilómetros da central nuclear que foi destruída pelo tsunami em 2011. As imagens transmitidas são de uma zona muito poluída da cidade, onde os moradores não estão autorizados a entrar, disse um polícia da cidade à agência France Press. "A cidade pediu a aprovação especial para a equipa da empresa Google entrar na área", disse o polícia. "A equipa usou equipamentos de proteção e ficou dentro do carro durante as filmagens”, referiu. O presidente da cidade japonesa, Tamotsu Baba, que solicitou à empresa americana para fotografar o local, pretende que o mundo observe a “cidade fantasma” e quer que os habitantes possam visualizar virtualmente a localidade onde viviam, à qual não sabem se poderão retornar algum dia. "O mundo está a avançar para o futuro após a tragédia (...), no entanto, o tempo parou na cidade de Namie," disse hoje o presidente no blog do site da Google japonês. "Espero que estas visitas virtuais mostrem às pessoas das próximas gerações o que o grande terramoto e o desastre nuclear causaram", afirmou Baba. “Nós precisamos de muitos anos e da cooperação de muitas pessoas para levantar-nos de novo da crise nuclear. Nós nunca desistiremos de ajudar a nossa cidade”, referiu. Dezenas de milhares de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas devido à catástrofe nuclear, a maior tragédia a que o mundo assistiu desde o desastre de 1986 em Chernobyl. Algumas partes da cidade ficaram submersas pelo tsunami de 11 de março de 2011. As casas e outros edifícios, que foram destruídos pelas ondas, podem ser observados quando os visitantes clicam nas imagens panorâmicas no site de mapas. A tragédia matou cerca de 19.000 pessoas, incluindo os corpos que ainda não foram descobertos. "Dois anos depois do desastre, ainda não podemos caminhar livremente em Namie", afirmou o presidente. "Muitas pessoas que viviam na cidade afirmam que querem ver o estado em que a sua cidade natal se encontra agora”, disse. "Tenho a certeza de que muitas pessoas de todo o mundo vão querer ver a catástrofe que um acidente nuclear pode causar”, acrescentou. Segundo os registos médicos, o efeito direto das radiações não foi a causa de morte, mas os cientistas alertam que algumas zonas podem permanecer contaminadas durante décadas, enquanto as áreas mais poluídas podem ser inabitáveis para sempre. Além de ser possível visualizar a cidade japonesa através do serviço "Street View’, a partir de segunda-feira será permitido, por um curto período de tempo, a entrada numa pequena zona da cidade, já que grande parte da área permanece altamente contaminada e espera-se que seja inabitável durante anos. A visita virtual da cidade Namie pode ser realizada através do site de mapas http://goo.gl/VbxDY.