CDU acusa Governo dos Açores de "reagir tarde e a más horas"
22 de jun. de 2023, 15:30
— Lusa
"É
um Governo que se limita a reagir tarde e a más horas, acompanhado pela
inércia dos deputados eleitos pela ilha que suportam este Governo e que
assistem a este abandono e devem achar que está tudo bem", considerou
a CDU da ilha das Flores.Numa nota de
imprensa enviada às redações, a CDU sustentou que a visita estatutária
do Governo Regional, esta semana, às Flores consolidou "ainda mais" a
alegada falta de resposta do executivo açoriano aos problemas dos
açorianos e da região.O Governo "abandona à
sua sorte as Flores, criando cada vez mais desigualdades entre
açorianos e entre as ilhas do arquipélago", afirmou a CDU, criticando a
ação governativa da coligação em várias áreas, como a educação,
habitação, saúde e transporte marítimo de passageiros. "E
agora, a cereja no topo do bolo, o anúncio de enterrar 1.300 toneladas
de resíduos", considera ainda a CDU das Flores, alertando que a ilha
"pode voltar a ser confrontada com o mesmo problema" de sobrelotação do
Centro de Processamento de Resíduos (CPR).Para
a CDU, a política do Governo Regional e as suas opções "sem
planificação, sem rumo levam a falta de soluções", porque governa
"apenas para uma minoria" e "exclusivamente a pensar em sobreviver
politicamente". Na terça-feira, o
presidente do Governo dos Açores anunciou, no âmbito da visita
estatutária às Flores, que vão ser aterradas 1.300 toneladas de lixo na
ilha, uma solução “excecional” devido à sobrelotação do Centro de
Processamento de Resíduos (CPR) da ilha.Em
18 de maio, a associação ambientalista Zero alertou, em declarações à
Lusa, que o CPR das Flores estava sobrelotado, apelando às autarquias da
ilha e ao Governo dos Açores para levar o “assunto a sério” por uma
questão de “salubridade pública”.Em causa
está a precariedade do porto comercial da ilha, que foi seriamente
danificado em novembro de 2019 pela passagem do furação Lorenzo e, em
dezembro de 2022, pela tempestade Efrain.O
presidente do Governo Regional considerou “não existir alternativa” ao
aterro porque, além das “dificuldades no transporte”, os resíduos estão
com uma “infestação de baratas”.Questionado
sobre os prazos, o social-democrata José Manuel Bolieiro afirmou que a
operação vai decorrer o “mais rapidamente possível” e com a “máxima
prudência”, garantindo que tal “não prejudica a pegada ambiental” da
ilha, que é Reserva da Biosfera da UNESCO.O secretário do Ambiente e Alterações Climáticas, Alonso Miguel, detalhou que não vai ser enterrado o refugo.“Trata-se
de 1.300 toneladas de composto estabilizado não crivado. Esta solução
está prevista em termos excecionais no Regime Geral de Prevenção e
Gestão de Resíduos. Não é sequer uma solução inovadora. Este tipo de
despacho de aterro já foi feito em altura da pandemia da covid-19 quando
não havia capacidade de expedir resíduos”, destacou.