“Estamos cientes de que o aumento da procura das viagens interilhas, em virtude da entrada em vigor desta tarifa, trará como consequência o eventual condicionamento da disponibilidade de transporte de carga aérea”, avançou a líder da bancada parlamentar centrista, Catarina Cabeceiras, numa declaração politica no plenário da Assembleia Legislativa dos Açores, na Horta.

O executivo açoriano da coligação PSD-CDS-PPM implementou no dia 01 de junho a Tarifa Açores, que oferece viagens interilhas a um custo máximo de 60 euros (ida e volta) para residentes.

Catarina Cabeceiras considerou que a medida é “estruturante para a mobilidade dos açorianos e para a dinamização do mercado interno”, mas defendeu que é “urgente garantir a capacidade de carga aérea e o transporte atempado da mesma”.

Nesse sentido, lembrou que o CDS-PP propõe, desde 2009, a “aquisição de um avião cargueiro”, acrescentando estar convicta de que “será uma realidade num curto espaço de tempo”.

A deputada defendeu também uma inversão no paradigma dos transportes marítimos de carga, para dar resposta às “queixas recorrentes dos empresários” sobre o escoamento de produtos ou atrasos na receção de mercadoria, recordando que o partido já apresentou uma proposta para que se estude a viabilidade económica de diferentes modelos.

José Ávila, do PS, considerou que o atual modelo de transportes de carga não está “esgotado”, mas manifestou a disponibilidade do partido para “melhorar o que tem de ser melhorado”, ainda que “não a qualquer custo e muito menos prejudicando as ilhas mais pequenas”.

O presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, discordou, defendendo que é preciso “estudar soluções de aperfeiçoamento”, para garantir “eficiência e rapidez” no transporte de produtos açorianos, interilhas e para o exterior.

Carlos Furtado, do Chega, partido que dá apoio parlamentar ao Governo Regional, propôs, que o executivo não avance logo para a aquisição do avião cargueiro, mas opte pelo aluguer, para que seja possível avaliar se será “funcional e economicamente rentável”.

Nuno Barata, da Iniciativa Liberal, considerou que o modelo tem de ser “eficiente”, para além de “eficaz”, para que o seu custo não seja carregado “em cima dos impostos”, e defendeu um estudo “sério e aturado” sobre esta matéria.

Já Paulo Estêvão, do PPM, sublinhou a necessidade de introduzir “melhorias muito importantes” nos transportes de carga nos Açores, tanto nas ligações internas como para o exterior, lembrando que há “queixas por todas as ilhas em relação à vulnerabilidade do sistema atual”.

António Lima, do BE, disse que os partidos que compõem a coligação têm de se “entender” sobre o que querem para os transportes de carga nos Açores, alegando que o CDS propõe um estudo na região, enquanto o PSD defende, na Assembleia da República, que o transporte de carga marítima seja subsidiado.

Para Pedro Neves, do PAN, não é preciso um estudo sobre a cabotagem marítima para os Açores, porque é preciso “alavancar economicamente” o arquipélago, mas “existe um paradoxo relativamente ao transporte e ao subsídio que pode ser feito”.

António Vasco Viveiros, do PSD, criticou a “inércia, conformismo e falta de ambição” do anterior executivo nesta matéria e reiterou que o atual Governo tem uma “matriz reformista” em matéria de transportes, prevendo a melhoria da intermodalidade, das acessibilidades e do mercado interno.