Autor: Lusa/AO Online
“É uma proposta que não teve vencimento na sociedade portuguesa. Não são conhecidas nenhumas reações positivas de nenhum dos partidos políticos a essa proposta”, disse Carlos César, sublinhando que se tratou de "um impulso".
“Creio que ela acabou por ser uma proposta de impulso, com a espontaneidade própria de uma sessão de encerramento de um congresso de um partido”, acrescenta o presidente do Partido Socialista.
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, disse no passado dia 26 de junho que, se a Comissão Europeia avançar com sanções contra Portugal por défice excessivo, o partido colocará na agenda um referendo em Portugal sobre a Europa.
"Se tomar uma iniciativa gravíssima de provocar Portugal, a Comissão declara guerra a Portugal. Pior ainda, se aplicar sanção e usar para pressionar o Orçamento [do Estado] para 2017 com mais impostos, declara guerra a Portugal. E Portugal só pode responder recusando as sanções e anunciando que haverá um referendo nacional", advertiu a bloquista, na sessão de encerramento da X Convenção do partido.
Para Carlos César, “não quer dizer que seja desprezível” a ideia de submeter ao voto das pessoas as “suas opções fundamentais”, mas, acrescenta, Portugal é um país com um nível de integração europeia “muito intenso” e consensual.
“Não creio que existam na sociedade portuguesa dúvidas que justificassem a existência de um referendo, a menos que ganhassem os partidos que defendem a saída da União Europeia, matéria sobre a qual já nem parece muito claro saber quais os partidos que defendem isso”, afirma.
Quando questionado pelo jornal i sobre a posição do PCP, que não acompanha a iniciativa do referendo, Carlos César interrompe a pergunta e diz: “sim. O que cresceu de forma muito significativa na sociedade portuguesa como em outras – ao contrário do que aconteceu no Reino Unido – foi a necessidade de as instituições e os cidadãos e as suas organizações se mobilizarem a favor do debate europeu”.
Na mesma entrevista Carlos César diz que as sanções "seriam uma medida injusta" em relação a um país que acabou por executar diretizes europeias e e medidas com o apoio da União Europeia com resultados que "não seriam muito positivas" e critica também as declarações do ministro das Finanças da Alemanha sobre a necessidade de um segundo resgate a Portugal.
"Como se percebe, nem o próprio ministro das Finanças alemão percebeu o que disse e do que falava. É por essas e por outras que, infelizmente, há cada vez mais cidadãos europeus que se revoltam contra essa arrogância persistente e insensata. Schauble é apenas um ministro de um Estado-membro e como tal se devia comportar", afirma Carlos César.