Açoriano Oriental
Campanha contra copos de plástico nas festas Sanjoaninas com pouca adesão
A Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, nos Açores, promoveu, este ano, uma campanha para incentivar a diminuição do consumo de copos de plástico nas festas Sanjoaninas, mas a iniciativa não teve muita adesão.

Autor: Lusa/AO Online

"Temos que reduzir a nossa pegada ecológica. Temos que ser mais sustentáveis, mais amigos do ambiente e Angra do Heroísmo, como cidade Património Mundial da Unesco, também tem essa responsabilidade acrescida", salientou, em declarações à Lusa, a vereadora da autarquia Raquel Ferreira.

Com o lema "Mais vale um copo na mão, do que mil no chão", a campanha promoveu a venda de canecas reutilizáveis, para substituir os tradicionais copos de plástico, mas as vendas ficaram abaixo das expetativas.

As canecas, adquiridas por cinco euros, são acompanhadas por um mapa do arraial das festas, identificando os restaurantes e tascas aderentes.

Em vez de servirem as bebidas em copos de plástico, os espaços aderentes enchem as canecas e oferecem descontos aos seus portadores.

"Creio que é uma maneira de atraírem mais clientes e é algo diferente que chamou à atenção dos restaurantes para se associarem", frisou Raquel Ferreira.

Ao todo aderiram ao conceito 25 espaços fixos em Angra do Heroísmo e cerca de 20 tascas montadas apenas para as Sanjoaninas.

Vânia Gonçalo, proprietária de uma tasca com crepes nas Sanjoaninas, aderiu ao conceito do "eco-roteiro", oferecendo um menu promocional aos "canequeiros", mas quase no final das festas ainda ninguém lhe apareceu com a caneca.

Embora não tenha registado muita adesão, acredita que "com o tempo, se continuarem a insistir no conceito vai ser uma mais-valia para todas as festas".

"Penso que, hoje em dia, cada vez se vê mais nas festas muita poluição ao nível de copos e de lixo. Acho que é um bom conceito, uma coisa diferente. As pessoas cada vez mais vão aderindo a estes novos conceitos de andar com as canecas penduradas ao pescoço e no bolso", salientou.

Também Abel Gorgita, proprietário de um restaurante numa das mais movimentadas ruas de Angra do Heroísmo, faz nas Sanjoaninas um desconto de 20% nas bebidas pedidas em "eco-canecas" e disse acreditar que, apesar da fraca adesão, "para o ano será melhor".

"Nós fazemos a separação do lixo e quando nos falaram nessa iniciativa eu achei muito bem, porque sou de Angra do Heroísmo e também gosto de ver a minha cidade limpa. Aderi logo, sem hesitar", salientou.

Nas maiores festas do concelho de Angra do Heroísmo, em que se realizam eventos durante 10 dias e onde a gastronomia assume um papel de destaque, com mais de 70 espaços improvisados, entre restaurantes, tascas e pequenas rulotes, as principais artérias da cidade costumam encontrar-se pela manhã cobertas de copos de plástico.

Para além da criação do "eco-roteiro" pelas tascas, a autarquia disponibilizou, este ano, também ecopontos pelas principais ruas, para incentivar à reciclagem.

A ideia de substituir os copos de plástico descartáveis por canecas reutilizáveis surgiu, no ano passado, de forma espontânea por um grupo de amigos que lançou o repto na internet e conseguiu convencer alguns proprietários de tascas a aceitar este conceito.

"A ideia principal é passar a mensagem de que a natureza não é descartável e que o descartável não é sustentável", salientou, em declarações à Lusa, Rute Rocha, uma das voluntárias que divulgou a ideia, em 2014.

Este ano, a autarquia juntou-se ao movimento, o que deu maior visibilidade ao conceito, mas a adesão às "eco-canecas" continua a ser reduzida.

Rute Rocha tem, no entanto, esperança de que a mudança de mentalidades se faça aos poucos e que um dia "as pessoas percebam que usar e pôr fora é fácil, mas não é sustentável".

"Quando pensamos no plástico, temos de pensar em petróleo, temos de pensar em água e segundamente temos de pensar em poluição", frisou.

Para Rute Rocha, mesmo quem não tem caneca pode ter uma "eco-atitude", usando o mesmo copo durante toda a noite, porque os pequenos gestos, quando multiplicados, fazem a diferença.

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