Açoriano Oriental
Buscas terminaram sem encontrar corpo da criança desaparecida no Tua
A grande operação de busca realizada hoje no rio Tua, em Mirandela, revelou-se infrutífera, tendo sido dada por terminada sem ser possível recuperar o corpo da criança desaparecida há 13 dias.

Autor: Lusa / AO online

"Frustração" foi o sentimento manifestado pelo comandante das operações, Melo Gomes, que continua convencido de que o corpo está próximo do local onde o rapaz desapareceu.

"É possível que esteja escondido", disse aos jornalistas, explicando a falta de resultados, apesar do "elevado empenho", com a sinuosidade do rio e os detritos que arrasta.

A operação realizada esta manhã no Tua estendeu-se desde Mirandela até à foz do rio e integrou cerca de 120 homens, cães pisteiros, botes e um helicóptero.

Próximo do meio dia reabriram as comportas das barragens a montante, depois de uma manhã fechadas para permitir que o rio praticamente secasse, com uma descida de dois metros de altura e cinco metros de leito.

Os operacionais conseguiram percorrer o leito a pé na maior parte do percurso, mas a descida das águas não pôs a descoberto o corpo que, na opinião do comandante Melo Gomes, pode estar "preso num ramo ou em fragas".

Embora as buscas tenham sido dadas como terminadas, as autoridades vão continuar a fazer a monitorização das margens do rio "de vez em quando".

Melo Gomes continua a acreditar que o corpo permanece no Tua pelo historial deste rio: nenhum afogado chegou até ao Douro, de que o Tua é afluente.

A família da criança de 12 anos acompanhou esta manhã as buscas e a mãe, Amália Pires, revelou já ter pouca esperança de que o corpo do filho apareça, considerando porém que as equipas de busca "têm feito os possíveis e impossíveis para o encontrar".

A mãe voltou a reclamar que "alguém tem de ser responsabilizado" pelo que aconteceu a Leandro e revelou que na sexta feira vai ser ouvida no inquérito que o Ministério da Educação abriu ao caso.

O rapaz, de 12 anos, desapareceu no rio Tua a 02 de março, junto ao parque de merendas de Mirandela, a alguma distância da escola.

O caso foi associado a violência escolar e o afogamento da criança, resultado de uma alegada tentativa de suicídio, a uma consequência de alegadas agressões de que seria frequentemente vítima na escola.

Já as autoridades policiais acreditam na possibilidade de uma brincadeira que acabou de forma trágica, segundo fontes ligadas ao processo.

Testemunhas já ouvidas nos inquéritos em curso confirmam as agressões, mas não falam de suicídio, afirmando que a criança não pretenderia afogar-se, e descrevem Leandro como "uma criança reguila" que se envolvia frequentemente "em zaragatas, muitas das quais provocadas pelo próprio".

A escola Luciano Cordeiro, onde a criança estudava, abriu um inquérito cujas conclusões entregou na terça feira à Direcção Regional de Educação do Norte, que entendeu serem inconclusivas, decidindo ouvir mais pessoas.

A Inspecção Geral da Educação está a conduzir as novas diligências, no âmbito das quais vai ser ouvida na sexta feira a mãe da criança.

O Ministério Público tem também em curso um inquérito judicial e delegou na polícia a condução do mesmo, que ainda se encontra em "fase de evolução", segundo adiantou à Lusa fonte ligada ao processo.

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