Bruxelas sugere impostos especiais de consumo como alternativa aos aumentos da luz na UE
23 de set. de 2021, 14:54
— Lusa/AO Online
“Há
uma série de instrumentos que os Estados-membros podem adotar para
lidar com a questão do aumento dos preços [da eletricidade], como
impostos especiais de consumo, medidas específicas que se aplicariam a
agregados familiares e pequenas empresas vulneráveis e pobres em
energia, bem como apoio direto aos consumidores”, elencou o porta-voz do
executivo comunitário para a área da Energia, Tim McPhie.Questionado
na conferência de imprensa diária da Comissão Europeia, em Bruxelas,
sobre o aumento acentuado dos preços da eletricidade nos últimos meses
devido às subidas nos preços globais do gás, o responsável assinalou que
a instituição vai apresentar “uma caixa de ferramentas que dará aos
Estados-membros o que eles precisam para poderem tomar medidas ao nível
nacional”.“Isto é algo em que estamos a trabalhar e é um calendário que seguiremos […] para as próximas semanas”, assinalou Tim McPhie.As
declarações do porta-voz para a área da Energia surgem um dia depois de
a comissária europeia da tutela, Kadri Simson, ter dito que a Comissão
Europeia está a acompanhar de perto” a subida dos preços da energia, bem
como a debater com os Estados-membros “ferramentas” para os conter.“A
conceção do mercado europeu não é uma das causas dos problemas, mas é
claro que queremos muito ajudar os Estados-membros e os cidadãos a lidar
com esta questão”, referiu Tim McPhie.Questionado
se isso significa criar novos instrumentos ao nível europeu, o
porta-voz explicou que se trata antes de “fornecer aos Estados-membros
orientação […] sobre o que podem fazer dentro do âmbito dos atuais
regulamentos da UE”, diretrizes essas que serão divulgadas nas próximas
semanas.“Trata-se de lhes mostrar o
enquadramento do regulamento existente, mas não tenho mais nada a
anunciar para além disso em termos de novas ferramentas”, adiantou.Em
meados de setembro, um grupo de cerca de 40 eurodeputados tinha pedido à
Comissão Europeia que investigasse a gigante energética russa Gazprom,
acusando-a de cortar o fornecimento de gás através da Ucrânia para
pressionar a Alemanha a aprovar mais rapidamente o gasoduto Nord Stream 2
através do Mar Báltico e levando a preços europeus mais elevados. A Gazprom tem negado qualquer manipulação de mercado.Espanha
é particularmente afetada pela sua dependência do gás para a produção
de eletricidade, que é muito superior à dos países vizinhos europeus
como a França. Mas França não é poupada:
apesar de produzir a maior parte da sua eletricidade com as suas
centrais nucleares, os preços de mercado seguem os das matérias-primas
(gás e carvão), que aumentaram acentuadamente em resultado da
recuperação económica pós-pandemia e do aumento das quotas de emissão de
dióxido de carbono (CO2).A subida dos
preços ameaça exacerbar a pobreza de combustível em toda a UE, já que um
estudo publicado na quarta-feira pela Confederação Europeia de
Sindicatos estima que quase três milhões de trabalhadores pobres da
Europa "já não poderão pagar" as suas contas de aquecimento neste outono
e neste inverno.