BE/Açores quer que governo esclareça "se a SATA é para fechar"
22 de nov. de 2021, 13:14
— Lusa/AO Online
“Sobre a SATA, o governo
tem de deixar claro que destino vai dar à companhia aérea açoriana: é
para fechar, como defende o Chega?”, questionou Alexandra Manes, na
intervenção de abertura do debate do Plano e Orçamento regionais para
2022, na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA),
na cidade da Horta, ilha do Faial.Para a
deputada, “a verba orçamentada para a SATA é insuficiente”, pois, “na
ânsia de fazer aprovar este Orçamento a qualquer custo, e para agradar
aos parceiros de incidência parlamentar”, o Governo Regional “reduziu as
verbas” destinadas à companhia aérea.De
acordo com a bloquista, “numa altura em que, através do Plano de
Recuperação e Resiliência [PRR], a região tem ao seu dispor fundos que
tão cedo não se irão repetir, este governo transforma esta oportunidade
num beco sem saída”.“Este Orçamento não serve os Açores e só pode merecer o voto contra do Bloco de Esquerda”, afirmou.
No dia 11, o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro,
considerou que todas as “soluções possíveis estão em aberto” quanto ao
futuro da companhia área, depois de o aumento de capital de 130 milhões
de euros previsto para 2022 não ter avançado.
Na anteproposta de Orçamento para o próximo ano estava prevista uma
injeção de capital de 130 milhões de euros na SATA, um valor que foi,
entretanto, corrigido na proposta final entregue ao parlamento.A 03 de novembro, o secretário das Finanças justificou essa correção com o
“ambiente” político regional, o chumbo do Orçamento do Estado e uma
reunião entre o executivo e a Direção Geral da Concorrência da Comissão
Europeia.A diminuição do endividamento foi
uma das exigências feitas em outubro pelo deputado Nuno Barata, da IL
(que suporta o executivo no parlamento), que disse votar contra o
documento se o executivo açoriano não reduzisse aqueles valores.
Alexandra Manes lamentou hoje os “dois meses conturbados” que
antecederam o debate e “o espetáculo singular de constante alteração das
linhas orçamentais estruturantes” para o executivo “conseguir obter,
desesperadamente, os apoios necessários à viabilização deste Orçamento e
do próprio governo”. “O principal
objetivo por detrás deste processo é a manutenção do poder, a qualquer
custo”, avisou, considerando que a resposta aos problemas das pessoas
“foi relegada para segundo plano”.Alexandra
Manes afirmou ainda que “o PSD ainda foi capaz de legitimar e promover
um partido que é contra a autonomia da região, como se confirma, aliás,
de cada vez que André Ventura [líder nacional do Chega] fala sobre os
Açores”.“O silêncio do PSD perante este
ataque à autonomia perpetrado pelo Chega, particularmente nestes últimos
dias, é deplorável e revela a forma como o PSD se encontra sufocado
pelo que criou”, apontou.Por outro lado,
os “pressupostos em que assenta o Orçamento” são “manifestamente
contrários às necessidades colocadas à região para o seu
desenvolvimento”, disse.Entre elas estão,
especificou, “fixar população jovem qualificada, atrair investimento
produtivo em novas áreas de valor acrescentado, reforçar os serviços
públicos com particular ênfase para a saúde e educação, e encetar
políticas sérias de combate à pobreza que atinge um terço da população”.Segundo a deputada, “a região continua a empobrecer e a economia cresce somente para alguns: os mesmos de sempre”.“Este
governo farta-se de apregoar que o combate à pobreza é uma orientação
central da sua ação. Mas este Orçamento não reflete tal discurso”,
lamentou.De acordo com Alexandra Manes, o
documento tem “uma redução significativa das verbas para apoio social e
os aumentos das prestações sociais são insignificantes”.A
proposta final do Orçamento para 2022 do Governo Regional, entregue no
início do mês na ALRAA, é de dois mil milhões de euros, 800 milhões dos
quais destinados a investimento.O endividamento, que na anteproposta se situava nos 295 milhões de euros, desceu para os 170 milhões.