BE/Açores critica PS por não excluir diálogo com partidos de direita

29 de mai. de 2022, 17:05 — Lusa /AO Online

“No seu conteúdo politico e estratégico, este discurso não é muito claro. Há vontade de levar os Açores para a frente mas como lá chegar não foi aqui explícito”, notou Aurora Ribeiro, do BE/Açores, em declarações à Lusa, na sessão de encerramento do XVIII Congresso Regional, que terminou hoje na cidade da Horta, ilha do Faial.A bloquista manifestou estranheza pelo facto de, na moção de estratégia do líder socialista Vasco Cordeiro, o PS Açores “mostrar abertura para negociar uma maioria com outros partidos, incluindo partidos de direita”.“Outro facto que estranhamos, e que é referido na moção, é o PS/Açores mostrar abertura para negociar uma maioria com outros partidos, incluindo partidos que fazem parte do arco da governação, nomeadamente o CDS ou Iniciativa Liberal [IL], partidos de direita”, observou.Para Aurora Ribeiro, na moção do PS, a “única exclusão explícita [a um diálogo tendo em vista uma maioria para formar Governo] é do partido Chega”.“Isto enche-nos de preocupação. Não é o caminho de que os açorianos necessitam”, disse.A questão, acrescentou, é “estarem a ser abertas portas a partidos de direita e a partidos que estão no poder e que o PS critica”.“Há aqui uma falta de coerência e, como partido de esquerda, não consideramos que seja saída para a situação em que estamos neste momento”, vincou.O líder do PS/Açores afirmou hoje que se abriu “um novo ciclo” e “o melhor do PS/Açores está de volta” pelo futuro da Região, porque o partido tem a “responsabilidade e legitimidade de não deixar os Açores para trás”.“Temos a legitimidade e a responsabilidade histórica, e política, de não deixar os Açores ficarem para trás. Temos a responsabilidade de levar os Açores para a frente”, afirmou Vasco Cordeiro no XVIII Congresso Regional, que terminou hoje na cidade da Horta, ilha do Faial.Depois de o PS ter estado 24 anos na governação da Região, e de ter perdido o poder para a coligação PSD/CDS-PP/PPM, Vasco Cordeiro tem “um sonho e uma ambição” - de “liberdade, solidariedade e respeito” no futuro dos Açores.O líder do PS/Açores, reeleito em abril para um quarto mandato como presidente da estrutura regional, com 97,7% dos votos, alertou que a política nos Açores “corre o risco de se tornar mais numa batalha campal do que num debate sério sobre o futuro”.O PS foi o partido mais votado nas eleições regionais de 2020, elegendo 25 parlamentares, mas perdeu a maioria absoluta que teve na Região durante 24 anos.PSD, CDS-PP e PPM, que juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo para formar governo.A coligação assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Chega e com o deputado independente Carlos Furtado (ex-Chega) e o PSD um acordo com a IL.A Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados e, na atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois do BE, um da Iniciativa Liberal, um do PAN, um do Chega e um deputado independente (eleito pelo Chega).