“No seu conteúdo politico e estratégico, este discurso não é muito claro. Há vontade de levar os Açores para a frente mas como lá chegar não foi aqui explícito”, notou Aurora Ribeiro, do BE/Açores, em declarações à Lusa, na sessão de encerramento do XVIII Congresso Regional, que terminou hoje na cidade da Horta, ilha do Faial.
A bloquista manifestou estranheza pelo facto de, na moção de estratégia do líder socialista Vasco Cordeiro, o PS Açores “mostrar abertura para negociar uma maioria com outros partidos, incluindo partidos de direita”.
“Outro facto que estranhamos, e que é referido na moção, é o PS/Açores mostrar abertura para negociar uma maioria com outros partidos, incluindo partidos que fazem parte do arco da governação, nomeadamente o CDS ou Iniciativa Liberal [IL], partidos de direita”, observou.
Para Aurora Ribeiro, na moção do PS, a “única exclusão explícita [a um diálogo tendo em vista uma maioria para formar Governo] é do partido Chega”.
“Isto enche-nos de preocupação. Não é o caminho de que os açorianos necessitam”, disse.
A questão, acrescentou, é “estarem a ser abertas portas a partidos de direita e a partidos que estão no poder e que o PS critica”.
“Há aqui uma falta de coerência e, como partido de esquerda, não consideramos que seja saída para a situação em que estamos neste momento”, vincou.
O líder do PS/Açores afirmou hoje que se abriu “um novo ciclo” e “o melhor do PS/Açores está de volta” pelo futuro da Região, porque o partido tem a “responsabilidade e legitimidade de não deixar os Açores para trás”.
“Temos a legitimidade e a responsabilidade histórica, e política, de não deixar os Açores ficarem para trás. Temos a responsabilidade de levar os Açores para a frente”, afirmou Vasco Cordeiro no XVIII Congresso Regional, que terminou hoje na cidade da Horta, ilha do Faial.
Depois de o PS ter estado 24 anos na governação da Região, e de ter perdido o poder para a coligação PSD/CDS-PP/PPM, Vasco Cordeiro tem “um sonho e uma ambição” - de “liberdade, solidariedade e respeito” no futuro dos Açores.
O líder do PS/Açores, reeleito em abril para um quarto mandato como presidente da estrutura regional, com 97,7% dos votos, alertou que a política nos Açores “corre o risco de se tornar mais numa batalha campal do que num debate sério sobre o futuro”.
O PS foi o partido mais votado nas eleições regionais de 2020, elegendo 25 parlamentares, mas perdeu a maioria absoluta que teve na Região durante 24 anos.
PSD, CDS-PP e PPM, que juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo para formar governo.
A coligação assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Chega e com o deputado independente Carlos Furtado (ex-Chega) e o PSD um acordo com a IL.
A Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados e, na atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois do BE, um da Iniciativa Liberal, um do PAN, um do Chega e um deputado independente (eleito pelo Chega).
