Banda Mar&Ilha quer casar world music com a açorianidade

Casar a world music com a açorianidade. É o que pretende o  grupo Mar&Ilha, quarteto radicado na ilha do Pico que lançou na última semana uma campanha de financiamento coletivo (mais conhecido como crowdfunding) no site PPL.PT para lançar o álbum de estreia. 




Em entrevista ao Açoriano Oriental, a portuense Sara Miguel, cantora e mentora do projeto formado em 2019, explica o que está por detrás do projeto que conta com a participação de oito artistas açorianos, entre eles Sara Cruz, Zeca Medeiros, João da Ilha, Urbano Bettencourt, António Bulcão, Isabel Mesquita, Rafael Carvalho e Aníbal Raposo.

“Quando nos juntámos e começámos a mostrar o que estávamos a fazer neste projeto específico do Mar&Ilha, foi mais fácil obter a atenção de todos estes autores. E depois pensámos que, como queríamos um trabalho que tivesse uma sonoridade world music mas que partisse de uma matriz açoriana, que consideramos que é nossa, fazia todo o sentido convidarmos estes autores que admiramos que uns conhecemos melhor, outros pior, alguns com quem já tocamos”.

A participação de cada autor é particular e singular: com o objetivo de que fizessem parte “de voz própria”, Sara Miguel assinala que “uns vão fazer as letras, outros as composições. Mesmo havendo outros artistas que podiam ter entrado, esta seleção de oito pessoas é uma representação do que se fez nestes últimos 40 anos de música original nos Açores. Do que se fez e do que se está a fazer, ainda”.

Partindo da matriz açoriana - o facto do quarteto, formado por um galego (Marcos Fernandes), um beirão (Rui Silva), uma portuense (Sara Miguel) e um picaroto (Jorge ‘ Canarinho’ Silva), residir na Lajes do Pico ajuda a que já se sintam “da ilha” - o Mar&Ilha quer mesclar a açorianidade com a world music.

“No fundo, uma mensagem pode ser passada de várias formas, e como sabemos, os açorianos são um povo de diáspora, de movimentos, de expansão. E também quisemos trazer esta expansão para a música. Propusemos aos autores que escrevessem uma letra ou um tema que traduzisse o que entendem como sentimento de ser açoriano. Alguns levam para as viagens, outros levam para a música, outros para o amor. E queríamos que isso fosse o ponto de partida, mas depois vamos servir a mensagem de açorianidade com sons do mundo. Pegar num tema e tocá-lo em bossa nova, ou como se fosse um tema do Médio Oriente”.

Demora nos apoios públicos levou grupo para o crowdfunding
A morosidade dos apoios públicos e a burocracia exigida “obrigou” o grupo Mar&Ilha a virar-se para o crowdfunding como forma de suportar financeiramente a edição do primeiro disco.

“Decidimos avançar para um crowdfunding pois é a plataforma mais simples, rápida e direta de podermos financiar um projeto, pois tudo o que seja apoios públicos leva mais tempo, estão sujeitos a candidaturas e aprovações, e não é certo que o apoio seja dado”, lamenta Sara Miguel.

A cantora destaca que, desta forma, “se o público quiser fazer parte do nosso trabalho, ajuda a financiar este trabalho e terá a recompensa de uma forma muito direta”.

A campanha de financiamento coletivo está a decorrer até 2 de março, com a meta a atingir a ser de 6 mil euros. Os apoios podem ir dos 15 euros (a recompensa é o álbum em formato CD) até aos 1000 euros (que garante não só o CD, mais uma t-shirt, postal autografado, nomeação nos agradecimentos do disco e um concerto acústico completo presencial no domicílio (para apoiante que residam na ilha do Pico) ou online em direto (para os que moram noutra região).
Caso garantam o apoio necessário, as gravações começam em março, na Lava Homes, na ilha do Pico, com dois produtores vindos da Casa da Música, no Porto.


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