Açoriano Oriental
Assunção Esteves diz que comemorar Revolução é celebrar "a política como liberdade"
A presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, sublinhou hoje que o 25 de Abril é a "celebração da política como liberdade", e classificou a crise dos últimos anos "como a ponta do 'iceberg' de um mundo em mudança".

Autor: Lusa/AO Online

“Abril é por isso mesmo a celebração da política como liberdade que se exerce, como esperança, como força emancipadora. Que nos diz que somos senhores do nosso destino e autores do mundo”, afirmou Assunção Esteves, na sua intervenção na sessão solene comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República.

Para a presidente da Assembleia da República (PAR), essa responsabilidade é agora maior à luz dos acontecimentos contemporâneos, que tornam necessários “a instituição de uma sociedade universal”.

“A globalização limita as possibilidades das políticas nacionais perante um novo ambiente em que os problemas ganham uma nova escala. Não nos deixa, por isso, um otimismo fácil”, disse.

No ano em que passam 40 anos das eleições para a Assembleia Constituinte, Assunção Esteves fez questão de lembrar os deputados desse primeiro parlamento livre.

“Eles que nos deram a Constituição, a mais forte mensagem de Abril. Fica-nos o sentido da grandeza da nossa tarefa, neste tempo novo e difícil que põe à prova a capacidade das nossas instituições democráticas”, disse.

Na sua intervenção, Assunção Esteves classificou a crise financeira como “a ponta do ‘iceberg’ de um mundo em mudança”.

“A crise mostrou os excessos do capitalismo financeiro indiferente à sociedade, o problema da limitação dos recursos e da sua distribuição entre indivíduos, entre gerações e entre povos (…). De certo modo, arrancou-nos da nossa esfera particular para um viver em comparação que é já de si um sobressalto positivo”, defendeu, considerando que a crise foi um desafio a “um fazer de outro modo”.

Para Assunção Esteves, “a fratura entre o norte e o sul, com os seus índices de desigualdade, a questão ambiental e o terrorismo, fazem pensar, neste século XXI, em como não está adquirida a elevação do nível geral da condição humana”.

“A mundialização desafia-nos para inscrever na escala do mundo a ideia de humanidade como princípio regulador. Obriga-nos a reencontrar o primado do político sobre a economia e os mercados. Exige-nos ser fazedor de pontes, plataformas de uns para os outros", referiu.

Para Assunção Esteves, “todos são atores neste grande encontro que levará à afirmação universal dos direitos humanos, defendendo ser “necessário elevar o nível de consciência individual e coletiva através da educação”.

A PAR deixou ainda uma “palavra de inquietação” sobre o futuro da União Europeia.

“Sem coerência e sem resiliência, a União Europeia não pode projetar o seu modo de existir no mundo”, referiu, considerando que esta tem a sua unidade comprometida pelas “políticas fragmentadas dos Estados”, nomeadamente ao nível do desenvolvimento e imigração.

Assunção Esteves apontou a concertação política como "a via única para 'Babel' que só numa ética de convivência universal poderá construir a sua torre".

"E nos portugueses, feitos da matéria da universalidade que criámos, temos, nos contextos da nossa língua e diáspora, o lugar adequado para cumprir a nossa parte", disse, no seu último discurso na sessão solene do 25 de Abril na qualidade de Presidente da Assembleia da República que foi aplaudido pelas bancadas do PSD - com muitos sociais-democratas de pé -, do CDS-PP e de parte da bancada do PS.

PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados