Autor: LUSA/AO online
Segundo a acusação do Ministério Público (MP), a que a agência Lusa teve hoje acesso, os três arguidos, naturais do concelho de Ponta Delgada, ”diligenciavam pela aquisição de heroína, cocaína e canábis a partir do território continental português e seu transporte para a ilha de São Miguel”, onde “tratavam da sua distribuição, quer vendendo diretamente, quer através de terceiros”.
A investigação concluiu que pelo menos a partir do início de 2014 e até março de 2016, os três homens dedicavam-se à importação e venda a terceiros de heroína, cocaína e canábis na maior ilha dos Açores.
Para procederem à compra do estupefaciente, o MP refere que os arguidos “deslocaram-se por diversas vezes” ao continente, “onde permaneceriam dois ou três dias e após regressavam a Ponta Delgada".
O despacho salienta que um dos arguidos, que era gerente de uma sociedade do ramo automóvel na Ribeira Grande, destinada a reparações e ao comércio, “decidiu usar esta empresa como fachada para a atividade de transporte do produto estupefaciente por via marítima para a ilha de São Miguel”.
De acordo com o MP, um outro arguido, também empresário, terá igualmente constituído uma empresa de transportes com sede nas Capelas, concelho de Ponta Delgada, para alegadamente a usar para a atividade de tráfico de droga por via marítima.
O produto estupefaciente era supostamente escondido no interior de motores ou peças para automóveis e também em armários ou outros bens provenientes do continente em contentores.
A última “encomenda” que foi apreendida continha 132.438 doses de canábis, heroína suficiente para 4.381 doses e 1.609 doses de cocaína, além de produto de corte utilizado para misturar com substâncias estupefacientes.
Para o MP, os arguidos, com idades entre os 35 e 49 anos, dois dos quais em prisão preventiva e outro com obrigação de permanência na habitação com vigilância eletrónica, "conheciam as características do produto estupefaciente e obtiveram ganhos diários, cujo valor não foi de todo possível apurar, mas que permitiram a todos eles sustentarem-se a si e às suas famílias".
As autoridades apreenderam ainda perto de nove mil euros em dinheiro.
O julgamento, por um tribunal coletivo, está previsto iniciar às 09:30 locais (mais uma hora em Lisboa).