Açoriano Oriental
Ampliação da Oficina Museu açoriana tem projeto mas falta 1,2ME para avançar
O proprietário da Oficina Museu das Capelas, nos Açores, que dá a conhecer vários ofícios antigos, sonha ampliar o espaço para expor mais objetos, um investimento orçado em 1,2 milhões de euros para o qual ainda não tem dinheiro.
Ampliação da Oficina Museu açoriana tem projeto mas falta 1,2ME para avançar

Autor: AO/Lusa

“Vivo jogando todos os jogos que há. Jogo na Lotaria, Euromilhões e Totoloto. Acho que vai dar algum”, afirmou à Lusa, a sorrir, Manuel Melo, acrescentando que o projeto de arquitetura foi entregue há dois anos na Câmara de Ponta Delgada, tendo sido recentemente reativado.

O museu privado, na ilha de São Miguel, foi fundado em 1998 por Manuel Melo - um antigo professor primário, já reformado e apaixonado pela preservação da memória histórica -, contendo uma das maiores coleções de peças de ofícios desaparecidos ou em risco de desaparecer.

Neste “espaço de memória, que fala de vida”, pode encontrar-se lojas dos antigos sapateiros, farmácia, barbearia, liquidadora, taberna, livraria, alfaiataria ou olaria, entre outras, recheadas com inúmeras peças originais de época.

Manuel Melo adiantou que o projeto de ampliação do espaço prevê criar um largo e uma nova rua com 50 metros, para albergar cerca de 20 novas lojas, de modo a que o museu passe a ter no total 55.

Segundo o proprietário, a autarquia já enviou o documento para a Proteção Civil, para obter parecer, mas esta entidade ainda não deu qualquer resposta.

Porque os obstáculos nunca o fizeram parar, não tenciona desistir da ampliação do museu, até porque iniciou este sonho sem ter dinheiro e tem várias peças “encurraladas num cantinho e outras no meio do corredor, por falta de espaço”.

“Tenho aí a recolha de um laboratório de análises clínicas, dentista e outras, como uma loja de venda de materiais de construção”, revelou Manuel Melo, que, além das peças compradas ou pedidas para enriquecer a coleção, costuma receber doações de particulares.

Em lojas e oficinas dispersas por ruas, que procuram reproduzir o núcleo central de uma cidade, o museu que criou e mantém sobrevive com o dinheiro dos bilhetes de entrada, que custam dois euros, e com o lucro da venda de artesanato.

Para garantir os encargos do funcionamento era necessário que o museu fosse visitado por meia centena de pessoas por dia, algo que não acontece, mas “quem faz por amor não olha a dinheiro”, comentou o proprietário.

Manuel Melo referiu ainda que são essencialmente os turistas franceses, ingleses, americanos e árabes que mais visitam o museu, aberto de segunda a sábado até às 18:00 horas, considerando-o mesmo “fora do normal”.

Admitindo já não tem "força suficiente para prosseguir sozinho”, o proprietário já propôs a cedência do museu à Câmara de Ponta Delgada, mas o processo está parado devido a burocracias.

 

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