Alegre acusa Cavaco de usar eleições em 2014 como "manobra de diversão"

O ex-candidato à Presidência da República Manuel Alegre afirmou que a proposta de eleições para 2014 é uma "manobrea de diversão" do Presidente da República para não demitir o Governo e convocar eleições antecipadas.


 

Para o antigo dirigente socialista, o que estava em causa neste momento era saber se Cavaco Silva iria ou não convocar eleições antecipadas “perante a crise que pôs em causa o regular funcionamento das instituições”.

A possibilidade de haver eleições em 2014 “é uma manobra, é proposta de diversão, é uma espécie de fuga ao exercício dos poderes constitucionais que o Presidente podia ter exercido e não quis exercer”, considerou Alegre.

O dirigente histórico do PS afirmou que Cavaco Silva “não fez o que deveria fazer, de acordo com os seus poderes constitucionais”, ou seja, demitir o governo e convocar eleições antecipadas, devido à crise política, preferindo escudar-se “no programa de ajustamento e na confiança dos mercados.

Quanto ao compromisso de salvação nacional entre PSD, PS e CDS que Cavaco Silva propôs, Manuel Alegre salientou que o que estava em causa era o compromisso que o Presidente da República assumiu com a coligação do Governo.

“Esse compromisso neste momento não serve o interesse nacional. Pode servir o interesse do PSD e do CDS mas não serve o interesse dos portugueses”, declarou, lamentando que Cavaco Silva tenha falado das responsabilidades dos partidos “em abstrato”, em vez de imputá-la ao PSD e ao CDS “pelo triste espetáculo que ofereceram ao país”.

O Presidente da República propôs hoje, numa comunicação ao país, um "compromisso de salvação nacional" entre PSD, PS e CDS que permita cumprir o programa de ajuda externa e que esse acordo preveja eleições antecipadas a partir de junho de 2014.

Cavaco Silva considerou também “extremamente negativo para o interesse nacional" a realização imediata de eleições legislativas antecipadas.

A declaração do Chefe de Estado surgiu depois de ter ouvido todos os partidos com representação parlamentar e com os parceiros sociais e na sequência do pedido de demissão apresentado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, no dia 02 de julho.

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