Açoriano Oriental
Vila Franca do Campo
A palavra de ordem para a criação de emprego em Vila Franca é produzir

Sabrina Furtado. Candidata do PSD à Câmara Municipal de Vila Franca do Campo diz que criar Emprego é a sua prioridade. Defende a revitalização da Indústria e a afirmação de um Turismo Sustentado vocacionado para o mar e para a história


A palavra de ordem para a criação de emprego em Vila Franca é produzir

Autor: Cristina Pires/ Paula Gouveia

Porque é que se candidata?
Candidato-me porque me foi perguntado se estava disponível para assumir uma missão difícil que era candidatar-me a Vila Franca do Campo. Confesso que não pensei por muito tempo, porque quando se trata de missões e de lutar pelo bem da terra que amamos não há muita coisa a pensar e aceitei a missão que me foi dirigida, com o sentido de responsabilidade e convicta de que estarei a fazer o melhor por Vila Franca do Campo.

É natural de Vila Franca do Campo. Qual tem sido o seu percurso profissional e a sua experiência política? Em que é que estas duas vertentes são uma mais-valia para a presidência da autarquia?
Metade de mim é filha de Ponta Garça e outra metade do centro do concelho. Foi ali que cresci, fiz a escola primária, a preparatória e secundária, e depois rumei a Lisboa para estudar. Formei-me em Ciência Política, com especialização em Comunicação e Marketing Político. Comecei a trabalhar muito cedo, ainda durante a licenciatura, porque quem não tem muitos recursos tem de se fazer à vida. E comecei a minha vida partidária mais ativa ainda em Lisboa, sendo inclusive eleita Conselheira Nacional do partido a dada altura, e ingressei na Secretaria de Estado da Administração Local onde prestava assessoria política, o que enriqueceu muito a minha experiência profissional na área que me formei. Regressei aos Açores e fui eleita vereadora do PSD em Vila Franca do Campo há quatro anos.

E como tem sido a experiência?
Tem sido gratificante. O entendimento entre o elenco camarário do PS e do PSD tem sido pacífico. (...) Somos dois partidos com soluções diferentes para os mesmos problemas da comunidade vila-franquense. Temos assumidamente visões diferentes das coisas, mas não tem havido uma crispação muito grande. (…) Falamos do que temos de falar, discordamos no que temos de discordar – e não foi raro discordarmos em certas matérias; fazemos os entendimentos que temos de fazer, porque estamos ali todos a bem dos vila-franquenses. Não tem é de haver falta de educação. Porque quando as pessoas têm assumidamente posições políticas diferentes, não tem de haver a crispação de grandes guerras, de um contra o outro. (…)

Na apresentação da sua candidatura, disse que quer acabar com a ditadura do medo e do silêncio. É isso que acontece atualmente em Vila Franca?
Não só em Vila Franca. Acontece na região inteira e no país. (…) Temos a sede do PSD aberta todas as terças e quintas-feiras, das 20h00 às 22h00, para receber quem quer falar connosco. E quando começo a receber mensagens de pessoas a pedirem-me para ir à casa delas, porque não se podem dirigir à sede do PSD com medo de serem vistas, isso é bastante revelador do que se passa em Vila Franca do Campo, e se calhar é uma boa amostra do que se passa na Região.
Quando começámos a fazer as nossas listas para as autárquicas, eu fui fazer convites pessoalmente às pessoas e havia pessoas com lágrimas nos olhos a dizer que adoravam poder acompanhar o nosso projeto e que acreditam no nosso projeto, e nos ideais da social-democracia, mas que não podem porque eles próprios ou familiares têm medo de serem prejudicados. E, como saberá, diz a nossa Constituição que nenhum cidadão livre deste país poderá ser prejudicado por convicções ideológicas. (...) Também não é raro que alguém me diga no fim desta entrevista que não sabe do que estou a falar. Mas toda a gente sabe no fundo da sua consciência que vivemos numa democracia dissimulada e que o silêncio e o medo de serem prejudicados impera, infelizmente.

A dívida da Câmara é da ordem dos 24 milhões de euros, sem contar com a dívida das empresas municipais. É uma situação que a preocupa?
Claro! É uma das prioridades saber em que ponto exato, caso ganhemos a Câmara Municipal, estão as contas. Também por isso pretendemos fazer o que nunca foi feito na Câmara Municipal de Vila Franca do Campo que é pedir ao Tribunal de Contas que faça uma auditoria pós-eleições e passe tudo ‘a pente fino’ para sabermos com que é que estamos a contar. Tenho consciência de que a dívida é pesada. Está a ser reestruturada e arranjaremos a melhor forma de honrar os nossos compromissos. Não vale a pena é nós gestores públicos ou quem pretende ser gestor público, estarmo-nos a lamentar que não conseguimos fazer determinadas coisas por causa da dívida. Quem se candidata a uma Câmara que está endividada já sabe o que vai encontrar. Não é ato heroico nenhum cumprir com os compromissos que encontrou quando se candidatou e quando tomou posse.

A situação financeira a que chegou a Câmara deve-se essencialmente às opções tomadas pelos executivos do PSD liderados por Rui Melo. Como encara esta realidade?
(...) Não creio que nenhum dos presidentes de Câmara atual ou passado tenha feito alguma coisa com vista a prejudicar Vila Franca do Campo. Na altura, convenhamos que o dinheiro era muito mais barato do que é hoje em dia, e os bancos “ofereciam” dinheiro. Encaro da forma como tenho de encarar. Foram opções passadas, tomadas com consciência de que se estaria a fazer o melhor para Vila Franca do Campo. E, candidatando-me a este cargo, já sei que é um problema com o qual vou ter de lidar, como quem lá está agora e o seu antecessor. Contudo, não sinto qualquer responsabilidade nesta matéria. Como me disse, é do PSD, muito bem, mas eu sou vereadora há quatro anos e eu não sou o PSD, sou a Sabrina. O PSD é uma instituição e eu não tenho responsabilidade nesta matéria. Entre eu e o candidato socialista, mais responsabilidade terá ele, porque foi deputado municipal durante 10 anos, foi presidente da Assembleia Municipal, é atual presidente da Câmara, e quando se candidatou sabia perfeitamente em que estado estavam as contas da autarquia.

Como avalia as opções tomadas pelo atual executivo para minimizar o problema da dívida?
Quando uma Câmara está em reequilíbrio financeiro e as opções são tomadas fora dela e por entidades externas, há-que seguir aquele caminho. Não há muito mais a fazer. (...)

Que outras preocupações tem em relação ao concelho de Vila Franca?
Tenho muitas. Agora que começámos a sentir a crise um bocadinho mais leve, não podemos descuidar e deixar de pôr o emprego na ordem do dia. Há muita gente com muitas dificuldades. Preocupa-me muito a pobreza escondida. E, acho que a palavra de ordem para a criação de emprego em Vila Franca do Campo é produzir. (...) Sabemos que Vila Franca do Campo foi muito atingida pelo desemprego porque era de lá que saía grande parte da mão-de-obra para a Construção Civil. Não havendo construção civil, temos de nos virar para outros setores, nomeadamente para o Turismo Sustentado. São dois os pilares para Vila Franca: turismo sustentado e revitalização da indústria, a par com os nossos empresários locais. (…)

O setor do Turismo tem vindo a crescer. O concelho tem sabido tirar partido deste crescimento?
Na minha opinião não tem. As pessoas passam por Vila Franca do Campo e não vão a Vila Franca. E as que vão, usam o que a Vila Franca tem de melhor – as nossas praias e o nosso Ilhéu. E no Inverno, as pessoas não vão a Vila Franca. E o turismo sustentado também é que não seja apenas turismo de época alta. Temos de qualificar a oferta, temos de tornar o concelho atrativo, não só pelas nossas praias e Ilhéu, mas também através da revitalização da história vila-franquense. (...) A intenção é que o turista chegue ao aeroporto de Ponta Delgada e que perceba logo onde é a capital histórica desta ilha. (...) O turismo histórico está aí, o turismo religioso também está aí. E há boas formas de desencadear todas estas componentes para tornar Vila Franca do Campo numa capital a visitar na ilha de São Miguel.

Falou da questão da falta de Emprego e da pobreza envergonhada. Que outros problemas sociais aponta no concelho?
Há setores que nos preocupam muito como a Saúde e a Educação. Mas também tenho consciência de que não posso andar por aí, com populismo, a dizer que vou resolver matérias que não são da competência direta da Câmara. No entanto, pretendo sentar-me com as entidades competentes, nomeadamente com o governo regional – vou bater muito à porta do governo regional – e tenho a certeza de que chegaremos a bons entendimentos. O insucesso escolar em Vila Franca preocupa-me bastante, a falta de apoio a alunos que queiram ir estudar fora e que estão em contextos complicados. Estas pessoas têm de ser acarinhadas (...).

Se for eleita, já disse que quer apostar numa política de proximidade. Em que consiste a plataforma Acontece na Vila?
(...) Esta aplicação significa que a própria autarquia estará num telemóvel e no bolso de quem quiser. (...) Isto não é novidade, mas nunca foi feito em Vila Franca do Campo, que é transmitir em direto as assembleias municipais, as reuniões de Câmara públicas, em que o próprio cidadão, devidamente registado e reconhecido, possa questionar a Câmara onde estiver. (…) Também servirá para outras coisas: para pôr as pessoas a colaborar com a Câmara Municipal. Se a pessoa sair de casa e vir que há um sinal de trânsito que está caído, ou que há um buraco na sua rua, pode tirar uma foto e mandar diretamente para a Câmara, encaminhar para o responsável e assim todos os cidadãos passam a ser cuidadores de Vila Franca, à semelhança da autarquia. Não duvido nada que será um sucesso. Acho que o poder político deve ir à rua e não esperar que as pessoas venham até nós. E adianto já que, tomando posse, chamaremos cada chefe de família vila-franquense e as perguntas que lhe faremos são muito simples: O que se passa na sua casa? Quantos são? Há alguém desempregado? Qual é o seu sonho? O que gostava de ser? Criaremos assim a nossa própria estatística e uma solução adequada a cada problema. (…) Há muitas pessoas com vergonha de se dirigirem à Câmara Municipal.

Está confiante na sua eleição?
Estou bastante confiante na eleição da minha equipa. Conseguimos construir apesar de tudo, e de todos os percalços que tivemos, uma excelente equipa, com provas dadas no concelho, e não só - nas suas profissões, nas suas famílias e casas. Todos os que integram as nossas listas querem dar o seu contributo sério a Vila Franca do Campo. E os vila-franquenses conhecem-nos.

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