Açoriano Oriental
Firmeza ultrapassa as contrariedades
A renovação do conjunto das "100 Maiores" Empresas dos Açores, que durante alguns anos chegou a atingir um quarto do total, traduziu-se na entrada de nove empresas no “ranking” em 2006.
Firmeza ultrapassa as contrariedades

Autor: António Soares Marinho
As alterações ter-se-ão processado no quadro da evolução normal de qualquer tecido empresarial, naturalmente afectada por alguns factores particulares que se tenham feito sentir. Falamos, designadamente, em alterações mais profundas de estratégias empresariais, bem como em opções de política económica assumidas que possam ter-se reflectido na prestação de algumas empresas e actividades. A análise dos valores de conjunto das “100 Maiores” deve também servir de complemento na avaliação da economia açoriana.
O conjunto das “dez primeiras” regista a entrada de duas empresas em relação a 2005. Entre as que permaneceram no grupo, sete mantêm-se na posição que ocupavam no ano anterior.
100 MAIORES – QUANTO VALEM

As diferentes composições do “ranking” em anos diferentes provocam, obviamente, limitações metodológicas à comparação dos valores obtidos em 2006 e no ano precedente. No entanto, as conclusões sairão reforçadas e a análise será mais rica. Pensamos que vale a pena correr o risco.
O conjunto das “100 Maiores” atingiu em 2006 um volume de vendas de 1,983 milhões de euros. A subida é de 5.6% em relação ao valor obtido pelas mesmas empresas no ano anterior e de apenas 0.5% em relação ao conjunto que integrou a lista em 2005. Se tivermos em conta que 31 empresas assistiram à queda dos seus negócios e que outras 13 beneficiaram de um crescimento do volume de vendas inferior à taxa de inflação, constatamos que 44% das empresas do “ranking” vêem decrescer as suas vendas em termos reais. Um sinal preocupante continua associado à percentagem de empresas cujo volume de negócios é inferior a 5 milhões de euros, que abrange 37% do universo em 2006, acima do que se verificava três anos antes, quando só 30% exibiam uma facturação abaixo desse valor.
O resultado líquido obtido pelo conjunto das “100 Maiores” atingiu 73 milhões de euros em 2006, revelando uma subida relativamente aos 61 milhões de euros que tinha atingido um ano antes, embora inferior ao valor de 77 milhões proporcionado pelas empresas abrangidas em 2005 por esta publicação. Os indicadores de rentabilidade regridem ligeiramente em 2006 e mantêm-se bastante distantes das percentagens que antes obtiveram: o das vendas situou-se em 3.7%, o do capital próprio em 9.3% e o do activo em 3.2%.
O Valor Acrescentado Bruto das “100 Maiores” ascendeu a 422 milhões de euros em 2006. Se melhora face a 2005, a subida mostra-se insuficiente para compensar as estagnações e subidas de anos anteriores. Com a dedução do efeito inflação revela-se mais tímido o contributo deste conjunto de empresas para o produto regional.
No final de 2006 trabalhavam 11,460 pessoas no conjunto das empresas abrangidas por este “ranking”, o que corresponde a cerca de 10% da população activa açoriana. Como se pode facilmente deduzir, a contribuição para a variável emprego é significativa, já que corresponde a cerca de 2% das empresas açorianas.

100 MAIORES – ONDE ESTÃO

As empresas do comércio e distribuição, mantendo o peso de anos anteriores, representam 43% do total das “100”. Quando acrescentamos as que desenvolvem actividade na área de prestação de serviços, encontraremos mais de dois terços das “100 Maiores” a desenvolver actividade no sector terciário. As agro-indústrias e as empresas do sector da construção, abrangendo quase um quarto do total, têm também uma expressão significativa.
Em termos geográficos, o cenário parece quase imutável. Na ilha de São Miguel estão 89% das “100 Maiores”, a que se juntam sete empresas da Terceira, duas do Faial e outras duas da ilha de São Jorge.

AS MELHORES

Nos indicadores analisados nesta publicação são as seguintes as empresas que obtiveram melhores comportamentos: Soluções M (Crescimento do Volume de Negócios), Disrego (Crescimento do Resultado Líquido), Wophorta - Especialidades Farmacêuticas (Rentabilidade dos Capitais Próprios), Finançor-Agro-Alimentar (Rentabilidade do Volume de Negócios), SAAGA-Sociedade Açoreana Armazéns de Gás (Solvabilidade) e Cabo TV Açoreana (Produtividade). A Cabo TV Açoreana obteve o título de Melhor Empresa dos Açores.
 
ATITUDE FORTE PARA VENCER DESAFIOS

O ano de 2006 manteve as empresas açorianas num trajecto pouco animador. Se em 2005 já se tinha assistido a um decréscimo real no volume de negócios de mais de metade das “100 Maiores”, a situação prolongou-se em 2006, muitas vezes com quebras subsequentes a descidas anteriormente sofridas. Como também se constata nos valores de conjunto, quando não há descida, as evoluções raramente passam do “sofrível”.
A combatividade de empresas e de empresários tem sido a sua arma fundamental. Só a firmeza que têm mantido permitiu que continuassem a afirmar-se num contexto que não lhes tem sido risonho. Foi a forma encontrada para ultrapassar contrariedades naturais, conjunturas importadas e opções que nem sempre se mostraram totalmente adequadas.
O desafio, entretanto, permanece. A atitude forte das empresas continuará a ser a chave para alcançar o sucesso que todas procuram.
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