Açoriano Oriental
Legislativas 2009
"Cansaço com PS e PSD é muito grande"
O líder do CDS-PP, Paulo Portas, fez uma visita relâmpago aos Açores e, em entrevista ao Açoriano Oriental, defendeu como metas para as Legislativas ficar à frente do PCP e do BE, apostando em bandeiras como as PME, o trabalho ou a segurança
"Cansaço com PS e PSD é muito grande"

Autor: Rui Jorge Cabral
Numas eleições Legislativas decisivas para a redefinição do xadrez político português, quais vão ser as ‘bandeiras’ do CDS-PP?

Os nossos cartazes dizem “Há cada vez mais pessoas a pensar como nós” e isso quer dizer, por exemplo, que é preciso uma política a favor das Pequenas e Médias Empresas, quando o PS deixou 250 mil  PME sem qualquer apoio, por causa de linhas de crédito que tinham condições impossíveis.  Em que é que  os Açores beneficiam de uma política económica que se baseia no TGV, no novo aeroporto de Lisboa e na terceira ponte sobre o Tejo? Há, portanto, que virar a política económica para as pequenas e médias empresas. Há também a questão fiscal. De cada vez que o Estado aumenta impostos, retira dinheiro à economia. O CDS tem sido também um partido dos agricultores, que nos Açores defendeu os produtores de leite de uma forma clara e defendeu, a nível nacional, que os fundos comunitários da agricultura têm de ser aplicados e não guardados no cofre. Não fosse este ministro e Portugal teria investido nos últimos dois anos mais 850 milhões de euros na agricultura. Por fim, o CDS vai salientar o valor do trabalho. Estamos a viver num país onde o PS permitiu que quem trabalha seja penalizado com impostos e quem não trabalha arranje maneira de receber à conta do Estado. Não sou contra um rendimento mínimo transitório, dado em géneros, que obrigue a trabalho comunitário ou que  acuda a situações de necessidade objectiva. Mas a minha prioridade é apoiar a nova pobreza, que são as pessoas que perderam o emprego e apoiar a pobreza de sempre, que são os idosos que trabalharam uma vida inteira e têm pensões baixas. Queremos apoiar quem quer trabalhar, quem perdeu o seu emprego e está à procura de outro, quem trabalha e paga muitos impostos, quem cria empregos e cria riqueza nas empresas, quem trabalhou toda a vida e ainda quem trabalha e estuda ao mesmo tempo, para subir na vida.


Há condições para o eleitorado dar uma maioria absoluta ao PS ou ao PSD ou acredita antes que vai ter de haver coligações, à esquerda ou à direita, para viabilizar um novo Governo?

Acho que os portugueses estão cansadíssimos de maiorias absolutas. A maioria absoluta em Portugal transforma-se em poder absoluto: os governos deixam de ouvir os outros e de ter sentido de compromisso para procurar equilíbrios. Quanto à segunda parte da sua pergunta, o CDS está a lutar todos os dias para explicar às pessoas que temos de ficar à frente da extrema-esquerda e as razões são simples: quem é que vai confiar na economia portuguesa se o CDS não ficar à frente do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista? Quem é que vem cá investir, quando o que estas duas forças fazem é falar de nacionalizações e de aumentar impostos? É com o PCP e com o Bloco de Esquerda que a polícia vai ter autoridade quando eles, perante um crime, ficam com pena do delinquente? Vamos passar uma Legislatura com questões fracturantes umas atrás das outras ou vamos tratar do essencial, que é a coesão do país num momento difícil, onde a família é o primeiro núcleo de solidariedade?


Que argumentos vai usar o CDS aqui nos Açores para conseguir eleger um deputado à Assembleia da República, algo que nunca conseguiu por este círculo?

Há sempre uma primeira vez para tudo. O CDS é uma força ascendente nos Açores, com um líder regional, Artur Lima, carismático e com muito trabalho feito, como é o caso dos Açores serem o único lugar de Portugal onde os idosos têm um cheque medicamento, que nasceu de uma luta do CDS. Temos um bom candidato, Félix Rodrigues, um homem ligado à Universidade, que é um bem inestimável para os Açores. O PS e o PSD podem variar de resultados, mas os deputados vão ser os mesmos. Por isso, é preciso que a diferença venha de quem pode eleger para além deles, que é o CDS.


Perante a actual situação económica e social em Portugal, com muita indefinição sobre que Governo vai resultar das próximas eleições, acredita que estas serão as Legislativas mais importantes dos últimos 30 anos?

Acredito que vão ser muito importantes, mas não gosto de fazer afirmações telúricas. Sei que este regime, ou se regenera, ou está no fim. Há desencanto dos portugueses em relação às instituições e ao falhanço sistemático do Estado em funções que não são delegáveis. Com que autoridade é que o Estado pede aos outros aquilo que não pratica? O cansaço com o PS e com o PSD é muito grande. As pessoas estão muito cansadas do ‘centrão’ e de todos os dias aparecerem pessoas do PS ou do PSD a defenderem alianças entre si. Esta é uma coligação de aflitos. Acho que as pessoas querem mais escolha.
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