Açoriano Oriental
Legislativas 2009
"Queremos ser um partido muito forte para mudar a política"
Francisco Louçã garante que o Bloco de Esquerda não pretende efectuar coligações políticas e assume o desejo de que a força partidária de que é líder venha a representar um papel de referência a nível nacional para mudar a política.
"Queremos ser um partido muito forte para mudar a política"

Autor: Luís Pedro Silva
Francisco Louçã, coordenador nacional do Bloco de Esquerda (BE), expressou em entrevista ao “Açoriano Oriental” o desejo de transformar o BE num partido político de referência a nível nacional, para desenvolver uma democracia responsável.


Veio aos Açores apresentar um livro com 51 ideias políticas. Porque não são 50, 20 ou outro número?
Este é o programa do Bloco de Esquerda. Nós fomos o primeiro partido a apresentar o programa eleitoral e achamos que é um dever para o eleitor sermos muito claros sobre as propostas.
O livro trata de grandes capítulos que resultaram de meses de trabalho desenvolvido. Não houve um único debate do Bloco de Esquerda em salas fechadas. O livro conta com a colaboração de milhares de pessoas anónimas, activistas sociais, pessoas de várias opiniões políticas, professores universitários e técnicos, que escreveram sobre ambiente, segurança, política regional, economia, precariedade e segurança social. Esta junção resultou num grande debate, que se traduziu num programa eleitoral.  Os 51 grandes capítulos organizam uma exposição sistemática do que parece essencial no programa.  Não procuramos formar nenhum número com qualquer outro significado, apenas queremos uma resposta na economia e justiça, ou seja, democracia social e económica.


A justiça e economia são os principais temas visados no programa eleitoral do Bloco de Esquerda?
Nós estamos perante uma crise que Portugal nunca viveu. Os números oficiais  dão-nos 630 mil desempregados, e esta semana vão juntar-se 27 mil professores, sem emprego, e vamos chegar aos 650 mil desempregados.
Perante esta crise, apenas a democracia poderá responder, sobretudo com democracia na economia, saúde, segurança social e justiça.
Este é um princípio organizador de um grande combate pela responsabilidade e esse é o combate do Bloco de Esquerda.


Há algum capítulo dedicado à Região Autónoma dos Açores?
Há um capítulo sobre regionalização, poderes regionais, relações com as autonomias e desenvolvimento das autonomias. Parece-me que a configuração constitucional sobre as autonomias respeita e desenvolve o sentir e expressão democrática das populações dos Açores, mas creio que existe um grande défice  no relacionamento com os Açores, em particular, porque se trata de nove ilhas, com uma redistribuição dos serviços públicos e acesso a bens essenciais, mais difícil do que no arquipélago da Madeira.
A lei das Finanças Regionais, a que nos opusemos, implica limitações erradas que prejudicaram a capacidade de convergência de todas as regiões, incluindo aquelas que sofrem da distância da insularidade em relação ao geral do país.
Penso que deverá haver um processo de convergência do estado unitário com as autonomias.


Qual é o objectivo definido pelo Bloco de Esquerda para as eleições legislativas?
O Bloco de Esquerda nas últimas eleições já desafiou o Partido Socialista (PS) e Partido Social Democrata (PSD) e é isso que pretendemos. Queremos ser um partido muito forte, para poder com o eleitorado, representar a capacidade de mudar a política, com o objectivo de acentuar uma democracia responsável.


O Bloco de Esquerda pensa em alguma coligação com outro partido?
Nós somos uma força própria, que respondemos pelo programa que apresentamos aos eleitores. Todas as medidas para as quais procuramos maioria e convergência são as que decorrem do combate pela justiça.
Nós não apoiamos governos que façam o código de trabalho, que estabelece precariedade para os jovens, não apoiamos governos que persigam os professores. Não apoiamos governos que entreguem três mil milhões de euros ao BPN e não respondem a dois milhões de pobres em Portugal.
Nós queremos justiça para as pessoas com dificuldades e um governo que promova a democracia económica.
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