Açoriano Oriental
Entrevista
“Bancada da maioria chumbou todos os projectos”
O Bloco de Esquerda (BE) que se senta pela primeira vez no Parlamento regional
acusa PS e Governo não aproveitarem riqueza de visões e propostas apresentadas.
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Autor: Olímpia Granada

Qual o balanço que faz da primeira sessão legislativa que agora termina na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA), iniciada em Novembro último?
O novo sistema eleitoral trouxe a proporcionalidade e trouxe a verdade das opções e das escolhas dos cidadãos e das cidadãs desta Região e que, portanto, foi bem estreado do nosso ponto de vista (…). Em termos de balanço todos nós sabemos que estamos a viver um ano bastante difícil, a famigerada crise instalada é uma crise que se junta a uma já existente e que vinha de trás e que não é de natureza internacional, é de natureza profundamente nacional e regional e resulta de más opções, de más políticas e de más prioridades. Estamos a falar concretamente no desemprego, por exemplo (…), a precariedade, o trabalho sem qualidade, os baixos salários (…).


E no que a iniciativas e temas debatidos diz respeito, quais destaca?
Nós tentamos dar resposta em termos de projectos e de propostas dentro desta Assembleia. Estamos a falar, por exemplo, da reabilitação urbana que além de criar emprego criava também trabalho para as micro e pequenas, o reforço de 50 euros em todas as pensões (…) abaixo do salário mínimo nacional (…), um centro de investigação internacional (…) que traga trabalho qualificado (…), por outro lado, o apoio às gravidezes adolescentes que é um flagelo nesta Região com uma média duplamente superior à nacional (…), a implementação da Educação sexual nas escolas (e uma coisa relaciona-se com a outra)… Ora bem, todos estes projectos, entre muitos outros,  a bancada da maioria chumbou-os a todos sob o pretexto de que eram oportunistas, ou eram paternalistas, ou fora do ‘timing’ ou gastadores… É curioso que quando se trata de garantir direitos e de aumentar a qualidade de vida das pessoas não há dinheiro, quando se trata de garantir privilégios e interesses instalados há superavit!  Portanto, o balanço final em termos de comportamento da maioria parlamentar, do Partido Socialista que apoia este Governo, é, de facto, que nos confrontamos com um grande sectarismo político, com uma grande falta de humildade democrática, com uma grande incapacidade de ouvir os partidos das oposições, de respeitar as suas propostas e reconhecer qualidade em muitas das propostas feitas! Quase apeteceria dizer que o PS e o Governo estão convencidos que governariam muito bem sozinhos e não precisariam de mais ninguém. Democraticamente não é bonito e, aliás, não é a razão de ser desta Assembleia, deste plenário, que é pelo contrário, aproveitar a riqueza de projectos, de propostas e de visões em prol do desenvolvimento dos Açores e, sobretudo, em prol da qualidade de vida e dos direitos das pessoas que aqui vivem e trabalham.

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