Açoriano Oriental
Eleições Europeias
"Aposta na diversificação e na qualificação é inadiável"
Maria do Céu Patrão Neves é a candidata do PSD pelos Açores às Eleições Europeias. Em entrevista, revela as suas motivações e ideias sobre a Europa e elege as prioridades para os Açores. (Com ficheiro áudio)
"Aposta na diversificação e na qualificação é inadiável"

Autor: Paula Gouveia

O que a levou a aceitar ser candidata pelo PSD/Açores ao Parlamento Europeu?
Eu nunca procurei esta incumbência. Até este momento, nunca tive vida político-partidária. Mas no momento em que o convite me foi feito, considerei que era uma oportunidade única para, no exercício de uma cidadania activa, procurar dar algo a esta terra da qual muito tenho recebido como filha adoptiva que sou.


A polémica criada com a saída de Duarte Freitas marcou o anúncio da sua candidatura e já fez correr muita tinta nos jornais. Como se sente perante a saída forçada de Duarte Freitas?
Eu não substituí o Dr. Duarte Feitas. Eu ocupei um lugar que estava vago. Um lugar que ele deixou vago num acto nobre de valorização dos interesses dos Açores, dos interesses do PSD em detrimento dos próprios. Reitero hoje o que já afirmei antes: se há muito o admirava pela sua capacidade de trabalho, eficácia de realização e postura de proximidade da população, fiquei a admirá-lo mais ainda pelo seu sentido de abnegação ditado por uma justa hierarquização dos valores, na afirmação do interesse superior dos Açores.


O argumento da paridade começou por ser invocado para explicar a sua escolha, qual a sua opinião sobre a Lei da Paridade?
A existência da Lei da Paridade é um testemunho de ausência de uma justiça social plena. Quando uma sociedade alcança este ideal de justiça, em que todos os seus cidadãos são efectivamente iguais, a discriminação positiva deixa de se justificar. A Lei da Paridade tem de ser entendida como um meio de promoção da justiça social, da sua concretização plena e não um fim em si mesmo.


Em que matérias irá centrar a sua actividade parlamentar se lhe for confiado um mandato pelo eleitorado?
Se os eleitores me confiarem o seu voto, a minha actividade centrar-se-á necessariamente da defesa dos interesses dos Açores. Sabemos que, uma vez no Parlamento Europeu, os deputados são incumbidos de trabalhar em diferentes Comissões, não sendo possível antecipar aquelas que me serão atribuídas. O que posso adiantar é que procurarei sempre trabalhar naquelas que tenham a maior relevância para os Açores, o desenvolvimento regional, agricultura, pescas, ambiente.


Falou nos interesses dos Açores, que trabalho poderá desenvolver no Parlamento Europeu por exemplo em relação a dossiers como o das quotas leiteiras e o sector da Agricultura em geral?
No que diz respeito às quotas leiteiras, importa reconhecer que todos os últimos passos que têm sido dados ao nível da União Europeia apontam para o seu desmantelamento próximo.Houve oportunidade de adiar ou mesmo travar este desmantelamento com a criação de um grupo de bloqueio de que já faziam parte países como França e Alemanha e, que surpreendemente Portugal, através do seu ministro da Agricultura, acabou por não integrar.Neste momento, sabemos que a situação é grave para os Açores, considerando que a economia açoriana é fortemente sustentada pela actividade agro-pecuária.
Na presente situação, considero que urge desenvolver, simultaneamente, três linhas de actuação: uma política nacional de reivindicação de compensações para os investimentos avultados e de longo prazo que este sector exige; uma política regional de reivindicação do máximo dos fundos que forem atribuídos ao país; e um compromisso político e social de requalificação e reorientação da produção num investimento na diversidade, especificidade e qualidade dos produtos. O nosso investimento terá de ser na diversidade, na especificidade e qualidade dos produtos.
É preciso repensar o sector agrícola considerando quer o que temos e como o adaptamos de forma a vingar perante a nova realidade europeia e mundial, quer o que não temos mas podemos produzir melhor do que outros.


Nessa linha de pensamento, o fim das quotas leiteiras, a acontecer, poderá obrigar a Região a diversificar a actividade agrícola?


Independentemente do que acontecer com as quotas leiteiras a aposta na diversificação, na especificação e na qualificação é inadiável, não só no sector agro-pecuário, mas em todos os sectores de actividade económica da Região. Neste desafio importa envolver especialistas de várias áreas, nomeadamente a capacidade de investigação aplicada da nossa Universidade, numa conjugação de conhecimentos e necessidades de acção, na criação de sinergias como maior garantia de sucesso.

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