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Política
"Poderei interceder a favor da resolução dos problemas" dos Açores
Luís Paulo Alves é o candidato do PS pelos Açores. Lança a sua campanha sexta-feira com um jantar na Associação Agrícola. Em entrevista revela as suas ideias sobre a Europa.
"Poderei interceder a favor da resolução dos problemas" dos Açores

Autor: Paula Gouveia

Paulo Casaca cede o seu lugar com vontade de continuar - confessou publicamente que só não se recandidatou por não ser essa a vontade do PS. Como se sente ao ser candidato nestas circunstâncias?

A definição do candidato socialista não me coube a mim. A mim foi-me dirigido um convite para participar neste projecto de construção europeia nele participar defendendo as posições dos Açores. Eu e o Paulo Casaca somos amigos de longa data - está a passar-me dossiers para me preparar para o caso da minha eleição.

Porque é que aceitou esta tarefa?

Quando aceitamos um desafio desta natureza pensamos sempre que o desafio é enorme e a responsabilidade também. A preparação vai sendo adquirida ao longo da vida. Há 18 anos que me dedico à resolução de problemas no mundo cooperativo, portanto acredito que agora no plano do parlamento europeu, com a minha visão prática, poderei interceder a favor da resolução dos problemas das pessoas.

No mandato que lhe poderá ser confiado pelos eleitores, em que matérias irá concentrar-se?

No imediato, é preciso relançar a economia europeia e é necessário prevenir o aparecimento de crises deste género. Num plano mais estrutural, temos matérias demasiado importantes para as regiões ultraperiféricas, a começar desde logo pelo orçamento da comunidade, que terá de contemplar um conjunto de especificidades que temos. Somos uma região ultraperiférica e temos um conjunto de constrangimentos que são permanentes, mas também temos um conjunto de oportunidades que precisam ser desenvolvidas. Duas questões absolutamente centrais são: a política agrícola comum - a sua evolução é fundamental para o futuro da coesão económica e social dos Açores; e a questão que nunca foi muito bem resolvida da política comum de pescas - precisamos de reintroduzir os mecanismos de acesso às zonas de pesca. É fundamental porque os nossos sistemas são frágeis e a sustentabilidade futura desses sistemas depende disso. E temos também, nessa área, de reintroduzir o princípio da prioridade para as frotas das próprias regiões. Por outro lado, temos nos Açores a possibilidade de desenvolver um cluster de energias renováveis. O conhecimento e a ciência são as matérias que podem tornar os Açores numa região menos ultraperiférica e mais central. A UE pode ajudar nisso tendo particular atenção aos mecanismos de apoio.

Ficam pendentes dossiers das quotas leiteiras, açúcar e tabaco. O que considera importante fazer para chegar às soluções?

A questão das quotas leiteiras, pelo seu impacto socioeconómico nos Açores, é de grande importância. Estamos num contexto em que a maioria dos países da UE mantém o apoio ao seu desmantelamento. Não podemos estar na expectativa de que a abolição será travada. Temos de nos preparar. Como região sensível que somos e num ambiente de crise como o actual precisamos de algumas medidas. Nos Açores, andamos a recuperar de décadas e décadas de passivo na área agrícola, e por isso precisamos agora de um passo muito mais acelerado para poder competir mais genericamente. Teremos de reforçar os mecanismos de defesa da nossa especificidade num quadro de desregulamentação. E isso poderá ser feito através dos programas POSEI, onde podemos sempre ter apoios diferenciados das políticas gerais. Por exemplo, já se garantiu no Posei - no envelope financeiro de 18 milhões de euros, o prémio aos produtos lácteos - isto mesmo depois da Europa desmantelar por exemplo o apoio desse prémio nós conseguimos a sua permanência. Factores desta natureza serão decisivos num quadro de desregulamentação. A questão do açúcar é outra a que o Parlamento Europeu tem dado voz às necessidades de solução do assunto, mas a força dos lobbies não tem conseguido que no Conselho e na Comissão os problemas se resolvam. Convém manter nesta matéria toda a pressão e determinação para que esse objectivo seja contemplado. Já o tabaco é uma matéria muito sensível, porque hoje em dia o consumo do tabaco é desincentivado e isso dificulta saídas mais vantajosas.

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