Açoriano Oriental
Gustavo Lima abandona a vela
Depois de ter falhado por um triz a medalha olímpica de bronze na classe Lazer, Gustavo Lima saiu hoje do mar lavado em lágrimas e prestes a abandonar a vela, com as expectativas frustradas e queixando-se das pressões.
Gustavo Lima abandona a vela

Autor: Lusa / AO Online
    “O que eu sofri para chegar aqui foi muito. As pessoas podem rir, podem gozar por eu estar a chorar. Mas eu sofri muito e já estou farto e vou abandonar a vela”, disse Gustavo Lima, após perder a medalha de bronze por um escasso ponto.

    Apesar de ter entrado na prova com boas possibilidades de conquistar um lugar no pódio, Gustavo Lima sai da última regata Laser dos Jogos Olímpicos de Pequim2008 com o quarto lugar, ao acontecer a única coisa que não podia acontecer - ter terminado com uma embarcação entre o português e o italiano Diego Romero.

    Frustrado com a regata, cuja primeira metade até correu bem, Gustavo Lima lembrou o sexto lugar nos Jogos Olímpicos de Sidnei2000 e do quinto lugar em Atenas2004 e desabafou: “ficar três vezes em sexto, quinto e quarto, depois do que passei... duvido que facilmente volte a passar pelo mesmo”.

    “Garanto-vos que não foi por falta de vontade. Se dependesse só da condição física, se dependesse só dos meus braços, eu talvez levaria o nome de Portugal muito mais alto e muito mais longe, mas não foi possível. A vela é um desporto ingrato”, lamentou o atleta.

    Gustavo Lima até conseguiu sair no grupo dos cinco primeiros e ia em quinto ao chegar à primeira bóia, o mesmo lugar em que cortou a linha de chegada mas que então ainda lhe dava a medalha de bronze por ir colado ao velejador italiano.

    À segunda bóia o ritmo da regata abrandou com uma quebra de vento, que permitiu ao argentino Julio Alsogaray colocar-se no quinto lugar, entre o português e o italiano Diego Romero.

    O francês Jean Baptiste Bernaz caiu para o sexto lugar, o que permitiu a Alsogaray subir para quarto, e a Lima recuperar o quinto lugar, mas a constante presença do argentino (sétimo no quadro geral) antes de Romero não permitiu a Gustavo Lima mais do que o amargo de boca do quarto lugar na geral, ao final de 10 regatas.

    “Não há nada a fazer a partir do momento em que o vento acaba e depois entra de um lado em que nós não estamos. O azar anda no ar e tem de cair em cima de alguém. Hoje caiu em cima de mim, paciência”, disse Gustavo Lima.

    O velejador lamentou: “por mais que queiramos dar a volta, por vezes não é possível chegar lá à frente. Isto é sinónimo de injustiça e veio deixar na minha cabeça muitos pensamentos”, acrescentou, antes de voltar a insistir na ideia de largar a vela de vez, depois de lhe ter visto fugir por 16 segundos - o tempo que o separou do argentino - um resultado histórico para Portugal
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