Açoriano Oriental
Nuno Mendes e Pedro Fraga querem surpreender nas "meias"
O remo português averbou hoje o melhor resultado de sempre em Jogos Olímpicos, com a passagem de Pedro Fraga e Nuno Mendes às meias-finais de double-scull ligeiro de Pequim2008, depois da vitória na etapa de repescagem.
Nuno Mendes e Pedro Fraga querem surpreender nas "meias"

Autor: Rui Boavida, Lusa / AO online
    Numa regata cheia de emoção, nos primeiros 1.500 metros os remadores portugueses foram sempre no quarto lugar, atrás de Hungria, Japão e Cuba, antes de recuperarem terreno num esforço final nos últimos 500 metros, vencendo à frente da tripulação cubana e japonesa, segundos e terceiros classificados, respectivamente.

    “A última parte da nossa prova é sempre muito mais forte do que a primeira”, disse Nuno Mendes no final, com Pedro Fraga a afirmar: “sabíamos de antemão que eles iam tentar sair para liderar a corrida e nós tentamos vir o mais próximo deles para depois no fim atacar, como tem sido hábito nos últimos tempos. E conseguimos”.

    Pedro Fraga e Nuno Mendes acabaram por fazer um tempo de 6:39,07 minutos, contra 6:40,15 minutos de Cuba e 6:43,03 do Japão, levando assim Portugal ao grupo dos 12 países que participam nas meias-finais, que conduzem às finais A (para os três melhores das meias finais) e, para os restantes, às finais B.

    “Nas meias-finais de quinta-feira vamos ver e definir os objectivos. Já estamos nos 12 primeiros, que era o nosso principal objectivo até aqui, mas já que aqui estamos não nos vamos ficar por aqui, espero eu. Vamos tentar subir lugares e tentar alcançar a melhor classificação possível”, disse Nuno Mendes.

    Pedro Fraga defendeu uma participação mais resguardada na meia-final, na qual, disse, os portugueses vão tentar arrancar na frente da prova.

    “O que nos interessa aqui é o resultado e não tanto a meia-final, que acaba por ser uma passagem. Se sair bem pode ser o sucesso dos sucessos, se não sair tão bem temos a final B para finalizar da melhor maneira”, adiantou.

    Nuno Mendes foi, no entanto, claro: “Será muito difícil pensar nas medalhas. Para já fazer uma boa final B e uma boa meia-final será óptimo”.

    Quanto à prova de hoje, os dois atletas confessaram-se muito cansados depois da prova de hoje, que Pedro Fraga afirmou ter sido uma questão de fé.

    “Foi muito difícil desde o princípio. Esta prova era para quem mais acreditasse, porque dos seis barcos que arrancaram quatro eram muito equilibrados e só estavam em disputa duas qualificações”, explicou, com Nuno Mendes a celebrar sobretudo a vitória sobre a Hungria (quarto lugar), “uma equipa muito forte, que foi campeã do mundo em 2005 e que à partida seria a equipa que pensávamos que não conseguiríamos bater”.

    O remo português, que há 12 anos não marcava presença nos Jogos Olímpicos, atingiu hoje assim a sua melhor classificação de sempre e os dois atletas prometem: “vamos tentar dar o melhor, manter a dignificação do remo português e da nossa bandeira”.

    “É com muito orgulho, e com muito trabalho também, que o conseguimos. Trabalhámos bastante para estar aqui e estar agora entre os 12 melhores de todo o mundo é uma grande satisfação”, afirmou Nuno Mendes.

    A relação entre os dois remadores e a Federação Portuguesa de Remo vive na actualidade um momento polémico. Os atletas dizer ter sido “proscritos” pela federação, a quem acusam de tratamento diferenciado, falta de apoio e de lhes dificultarem os treinos, ao ditar os locais de treino e impor o director técnico nacional José Santos.

    O presidente da federação, António Rascão Marques, reconheceu recentemente que há “alguns problemas”, mas preferiu não comentar.

    Pedro Fraga disse hoje esperar que o resultado já conquistado em Pequim2008 altere a estrutura de auxílio à carreira e aos treinos dos dois remadores.

    “Estamos afirmar-nos a pouco e pouco. Espero que agora seja o ponto de partida para os próximos quatro anos, para termos apoio a sério, para se Deus quiser dentro de quatro anos estejamos aqui a lutar pelas medalhas ou por um afinal A”, disse o atleta português.

    Os remadores acusam também a federação de ter “comprado barcos para quase toda a gente” menos para eles e de competirem em Pequim com uma embarcação já com seis anos e frente a adversários com barcos de 2008.
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