Açoriano Oriental
Zeinal Bava deixa universo PT no ano que foi agraciado por Cavaco Silva
Com quase 50 anos, Zeinal Bava deixa funções relevantes no universo da Portugal Telecom para onde entrou há 15 anos e onde se tornou o mais jovem líder no setor das telecomunicações num operador histórico ao nível europeu.
Zeinal Bava deixa universo PT no ano que foi agraciado por Cavaco Silva

Autor: Lusa/AO online

 

A um mês de completar meio século de idade, o executivo português Zeinal Bava renunciou na terça-feira à presidência da operadora brasileira Oi, que passou a liderar em junho de 2013, cargo que acumulou na altura com o de presidente da PT Portugal, durante cerca de um ano. Interinamente, a Oi passa agora para as mãos de Bayard Gontijo, diretor de Finanças e de Relações com Investidores.

Em agosto, Zeinal Bava deixou todos os cargos de administração em sociedades da PT, entre elas a presidência da PT Portugal, empresa que passou a ser integralmente detida pela Oi após o aumento de capital desta operadora em maio, para poder dedicar-se exclusivamente ao cargo no Brasil e promover a recuperação financeira e operacional da Oi.

A saída daquele que foi um dos principais rostos do projeto de fusão entre as duas empresas coincide com os rumores sobre o interesse do grupo francês Altice em comprar a operadora portuguesa à Oi, fazendo cair por terra todo o projeto de Zeinal Bava de criação de uma grande multinacional lusófona com um universo potencial de 250 milhões de falantes de língua portuguesa.

A imprensa brasileira refere antes o "desconforto" causado pela operação da PT com títulos da dívida da Rioforte, 'holding' do grupo Espírito Santo, que deixou um 'buraco' de 847 milhões de euros na operadora portuguesa.

Zeinal Abedin Mohamed Bava nasceu a 18 de novembro de 1965, em Lourenço Marques (atual Maputo), é casado e tem três filhos. Licenciado em Engenharia Eletrónica e Eletrotécnica pela University College London, Zeinal Bava trabalhou durante 10 anos nos mais diversos negócios do grupo de telecomunicações.

Em 2006 e 2007, durante a Oferta Pública de Aquisição lançada pela Sonaecom, Zeinal Bava destacou-se pelo papel determinante na oposição à oferta hostil, arregimentando acionistas e contribuindo para o insucesso da operação.

Logo depois, em 2008 chegou à liderança da Portugal Telecom, sucedendo a Henrique Granadeiro, que na altura permaneceu como presidente do conselho de administração.

Foi eleito cinco vezes o melhor presidente executivo, nomeadamente da Europa e de Portugal, e três vezes melhor CFO (administrador financeiro) da Europa pela Institutional Investor. Em 2010 foi o gestor mais bem pago em Portugal, recebendo 1,4 milhões de euros, e já este ano, a 09 de junho, foi agraciado pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Empresarial Classe Comercial.

Bava entrou pela primeira vez em contacto com a empresa como conselheiro financeiro durante o processo de privatização do grupo, desempenhando, à época, as funções de diretor executivo do Merrill Lynch. Mas foi pelas mãos de Murteira Nabo, também antigo presidente da PT, que o gestor passou a integrar o Grupo PT. Até então já tinha desempenhado igualmente as funções de diretor executivo da Deutsche Morgan Grenfell e da Warburg Dillon Read.

A sua entrada na PT acontecia assim num período em que o grupo transitava da sua condição de entidade pública para empresa privada, já na altura com o desafio internacional pela frente, nomeadamente a premonitória expansão para o mercado brasileiro.

Destacou-se pela participação ativa no desenvolvimento dos negócios internacionais e, em quase 10 anos, liderou e trabalhou com equipas dos principais negócios, como a PT.Com, PT Comunicações, PT Multimédia e TMN, sendo apontado como o "pai" da PT Pro.

Empenhado na criação de um grupo de comunicações moderno, ágil e em permanente clima de inovação, Zeinal sempre participou no dia-a-dia da empresa.

"Aas equipas habituaram-se a ver o seu presidente a entrar na loja nos momentos mais inesperados, passar manhãs no 'call center' a ouvir, e por vezes responder, às solicitações dos clientes e, mesmo, a participar em programas de venda porta a porta, integrado nas equipas", contou à Lusa fonte oficial da empresa em 2008, quando o gestor chegou à presidência executiva da PT.

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