Açoriano Oriental
XXI Colóquio da Lusofonia homenageia nove escritoras açorianas
Escritoras açorianas, entre as quais Natália Correia, vão ser homenageadas no Colóquio da Lusofonia, que decorre em São Miguel, nos Açores, no final do mês e que nesta XXI edição pretende dar visibilidade à escrita no feminino.

Autor: Lusa/AO Online

 

“Nesta edição, em que atingimos a maioridade, será uma homenagem a '9 ilhas, 9 escritoras'. As mulheres têm sido bastante esquecidas, há um grande predomínio de autores que são bastante divulgados”, afirmou o presidente da Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia (AICL), Chrys Chrystello.

Os Colóquios da Lusofonia, que decorreram pela primeira vez no Porto, já passaram por Bragança (durante nove anos), Macau, Brasil e Galiza (Espanha). Realizam-se nos Açores desde 2006.

A edição deste ano decorre na Praia dos Moinhos, no Porto Formoso, concelho da Ribeira Grande, coincidindo com o lançamento de mais um dos projetos da AICL, neste caso, a "Antologia 9 ilhas, 9 mulheres", adiantou Chrys Chrystello, acrescentando que vai também ser lançada "uma coletânea de textos dramáticos açorianos virada para o ensino e para o currículo escolar regional".

Segundo Chrys Chrystello, a associação "há muito" tinha projetado "fazer algo que homenageasse as mulheres na escrita" e que "são muitas" nos Açores.

“Optámos, nesta primeira fase, por nove, tantas são as ilhas, mas muitas outras mais poderiam estar incluídas”, sublinhou.

O presidente da AICL disse que a forma de escrita encontrada pelas mulheres "continua a ser a poesia", salientando que "há sobretudo um retrato daquilo que tem sido a posição da mulher nos Açores ao longo dos anos, uma posição de submissão, uma posição subalterna".

Das nove escritoras que vão ser homenageadas, duas já faleceram (Natália Correia e Madalena Férin). As outras são Joana Felix (filha do poeta Emanuel Felix), Renata Correia Botelho (filha de Emanuel Jorge Botelho), Brites Araújo, Judite Jorge, Luísa Ribeiro, Luísa Soares e Madalena San-Bento.

O XXI colóquio "consagra ainda 40 anos de liberdade de expressão, contemplando as quatro homenagens contra o esquecimento dedicadas a Álamo Oliveira", referiu.

A iniciativa, que tem como patronos dois destacados linguistas, o português Malaca Casteleiro e o brasileiro Evanildo Bechara, tem conseguido juntar, ao longo destes anos, várias personalidades, investigadores e académicos", para uma maior divulgação de autores e projetos, como é o caso do caderno de estudos açorianos para "descarga gratuita por escolas, alunos e professores".

“Temos o projeto das várias antologias. Fizemos a primeira antologia bilingue com 15 autores e depois a monolingue com 17 autores. Continuamos a traduzir excertos dos autores açorianos em sete línguas”, lembrou Chrys Chrystello, acrescentando que há cerca de dois anos surgiu o projeto de musicar poetas açorianos contemporâneos. A parte clássica foi entregue a Ana Paula Andrade, diretora do Conservatório Regional de Ponta Delgada, e desde o ano passado um grupo de professores da EBI da Maia dedica-se à versão 'pop'.

A XXI edição, que decorre de 24 a 27 de abril, conta com mais de 70 inscrições do Japão, Portugal, Brasil, Bélgica, Itália, EUA e Canadá e integra assim cinco lançamentos de livros e sessões de poesia dedicadas à açorianidade.

“Desde o princípio que tentamos afastar os colóquios dos ambientes bafientos onde tradicionalmente se praticava a cultura”, realçou Chrys Chrystello.

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