Açoriano Oriental
Vulcanólogo lamenta "falta de vontade política" para lançar novo Atlas nos Açores
O vulcanólogo Victor Hugo Forjaz, um dos autores do primeiro e único Atlas dos Açores, editado em 2004, afirmou hoje que há falta de vontade política para publicar uma versão atualizada, com um custo estimado de 150 mil euros.

Autor: Lusa/AO Online

 

“É preciso haver vontade política. Nós não temos encontrado grande vontade política. Não é por maldade. Acho que é mais por não saberem a utilidade de um atlas”, disse Victor Hugo Forjaz, acrescentando que tem uma versão atualizada do livro praticamente pronta, mas falta o financiamento para a publicação.

A primeira edição do “Atlas Básico dos Açores”, desenvolvido por uma equipa de 20 especialistas regionais, teve 4.000 exemplares, cada um com 112 páginas em formato A3, um projeto do Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores, que foi distribuído gratuitamente por todas as escolas do arquipélago.

A obra pretendeu sintetizar informação variada sobre as nove ilhas, da orografia ao clima, da geologia à flora, fauna, demografia e divisão administrativa, incluindo até parâmetros económicos.

Para Victor Hugo Forjaz um atlas deve ser atualizado pelo menos de cinco em cinco anos, até porque é um livro “curiosamente muito procurado por estrangeiros”, dado que “a linguagem gráfica é comum a várias línguas”.

“Vivemos numa terra onde não há mecenas, não há grandes empresas que estejam dispostas a subsidiar uma obra intelectual”, considerou o vulcanólogo, acrescentando que o mecenato só funciona para os ralis, festivais e bailados.

Victor Hugo Forjaz explicou que a ideia do Observatório é candidatar o projeto a apoios no âmbito do programa comunitário Portugal 2020, para poder obter financiamento, à semelhança do que ocorreu em 2004 com o primeiro Atlas dos Açores, no quadro do programa Interreg III.

“A obra está praticamente pronta. Precisa é de ser modernizada. Por exemplo, estão agora a aparecer mapas do fundo do mar dos Açores que são maravilhas. Era um capítulo que nós não tínhamos previsto, mas que, naturalmente, teremos de introduzir”, disse Victor Hugo Forjaz, admitindo que só em 2017 possa ser lançada a nova versão do Atlas dos Açores.

Segundo o vulcanólogo, nas Canárias, por exemplo, o atlas vai já na décima segunda ou décima terceira edição e no Havai publica-se o que considerou ser “o melhor atlas do mundo”, quer em termos de conteúdo, quer em termos de aspeto gráfico.

“Um atlas é uma obra de síntese, não é uma obra estafante. No geral, é um livro de pequeno porte, não de muitas páginas, mas que permite conhecermo-nos uns aos outros”, destacou o vulcanólogo, acrescentando que nos Açores todas as ilhas são diferentes, mas com zonas comuns.

Apontou o caso da pedra basáltica da ilha de São Miguel, que é idêntica à que se encontra nas Flores, mas o mesmo não acontece com outro tipo de rochas, como a pedra-pomes, que não existe na ilha do Pico.

A edição renovada do Atlas dos Açores terá o tamanho “de uma folha A4 deitada”, novos mapas e textos explicativos apenas em português, embora Victor Hugo Forjaz gostasse de editar também uma versão em inglês.

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