Numa declaração aos jornalistas em Santa Cruz da Graciosa, Vasco Cordeiro sublinhou que é "indesmentível" que a proposta reconhece o "valor geoestratégico" que a posição dos Açores e, especificamente, da base das Lajes tem para os EUA.

Este reconhecimento é um “sinal político” importante, considerou Vasco Cordeiro, ressalvando que a iniciativa "tem agora um caminho a percorrer" até ter, eventualmente, algum resultado.

O presidente do Governo Regional realçou também que a iniciativa é subscrita por cerca de 40 congressistas, o que “dá bem nota desta, chamemos-lhe, coligação de amigos dos Açores" que, "persistentemente, foi possível construir" ao nível do congresso norteamericano. Estes congressistas têm “em atenção” e “acompanham de forma muito próxima” o papel do arquipélago no âmbito da relação entre Portugal e os EUA, sublinhou.

Vasco Cordeiro acrescentou que este é um trabalho com “resultados a muitos níveis”, feito “por muita gente” e que da parte do Governo Regional é desenvolvido, “na sua esmagadora maioria", de "forma reservada, mas que vai permitindo construir esta atenção especial, esta sensibilidade" em relação aos Açores.

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos da América vai votar uma iniciativa chamada 'Africa Counter Terrorism Initiative Act' que tem o objetivo de deslocar o comando do AFRICOM da Alemanha para o território continental dos EUA e transformar as Lajes na sua única base avançada.

"Deslocar o AFRICOM para os Estados Unidos vai poupar dezenas de milhões de dólares por ano. E, devido à sua posição geográfica única, as Lajes seriam a base avançada operacional ideal para o comando", explicou o diretor de comunicações do congressista Devin Nunes, que avançou com a proposta, à agência Lusa.

No texto, o congressista de origem açoriana considera "particularmente preocupante" a decisão de destacar tropas para a base Moron, em Espanha, onde a "prontidão e eficiência das tropas é condicionada pela falta de infraestruturas."

A Base das Lajes, pelo contrário, acrescenta o congressista, "levou a cabo melhorias nas suas infra-estruturas de mais de 150 milhões de dólares nos últimos 12 anos."

"A localização estratégica das Lajes, as melhorias das infraestruturas, o espaço aéreo sem restrições e as extraordinárias condições de treino para todas as forças fazem dela um ativo fundamental e a base avançada operacional ideal para o AFRICOM", defende Nunes.

Caso a proposta legislativa seja aprovada, a Secretaria de Defesa terá seis meses para elaborar um plano de mudança. A deslocalização terá depois de acontecer seis meses após a conclusão desse plano.

O plano deverá incluir ainda a relocalização da "Special-Purpose Marine Air-Ground Task Force Crisis Response", uma unidade especializada da Marinha norte-americana, da base espanhola de Moron para as Lajes.

Um último ponto da proposta legislativa estabelece-se que, "com efeito pelo menos até ao fim do avaliação quadrienal da defesa em 2018, a Base das Lajes deve manter a sua operação 24 horas por dia, ao mesmo nível de prontidão de 2012 ou acima."