Autor: Lusa/AO Online
“Reflete, portanto, um aumento da dotação orçamental relativamente há alguns anos. Lembro que a Universidade dos Açores vinha de um período em que as verbas atribuídas diminuíam ou, pelo menos, não aumentavam na proporção do seu desenvolvimento”, afirmou à agência Lusa João Luís Gaspar, a propósito dos 40 anos que a academia açoriana completa no sábado.
O responsável pela universidade - que nasceu como Instituto Universitário dos Açores, sendo o seu primeiro reitor José Enes - considera que este é um orçamento que, apesar de não responder a todas as necessidades da academia, face aos projetos que pretende desenvolver, permite pensar num “ano tranquilo”, embora ainda sob um “grande rigor” em termos de gestão.
A Universidade dos Açores encontra-se sujeita a um plano de recuperação financeira celebrado com o Ministério da Educação, devido às dificuldades de gestão.
O reitor ressalvou que a universidade vai continuar, junto dos governos dos Açores e da República, a “tentar que haja compreensão” para os custos de insularidade e de tripolaridade” da instituição, com polos em Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta.
“Não é justo que, no caso concreto dessa condição insular, o Governo não olhe para a Universidade dos Açores como necessitando de cobrir sobrecustos que nos penalizam em comparação com outras universidades”, frisou.
João Luís Gaspar sustenta que um dos grandes desafios que se colocam à instituição é incrementar o seu papel “diferenciador” no contexto nacional e internacional.
“Eu entendo que a Universidade dos Açores tem um papel muito próprio, diferenciador em áreas diversas, desde logo o mar. Somos, por excelência, uma universidade que, face à sua localização, deve fazer incindir uma das suas grandes prioridades no estudo de todas as valências relacionadas com o mar”, defendeu.
O responsável pela academia açoriana, que a 12 de junho de 1989 foi alvo de um incêndio que destruiu o edifício da reitoria e documentação importante, considera que também as questões do Atlântico, de uma forma geral, devem ser contempladas e podem ser um fator de diferenciação.
O reitor salientou que, neste momento, a universidade está numa “fase muito importante” para transitar para um plano de desenvolvimento estratégico.
Quanto à nova proposta da tutela, que quer passar a financiar as academias por legislatura, em alternativa ao orçamento anual, João Luís Gaspar classifica como uma “excelente opção” que será “globalmente benéfica”, uma vez que passam a saber com o que podem contar e depois traçar os seus planos de desenvolvimento em conformidade.
A “grande meta” do reitor para 2016 é a reestruturação da vertente universitária, designadamente a transformação em quatro faculdades, adaptando-a uma realidade diferente para fazer face aos desafios que se colocam, com “maior eficácia”.
Sobre a história da instituição, o responsável admitiu que foram 40 anos de “grandes dificuldades, mas também de um considerável número de êxitos”, sendo esta, hoje, “um dos grandes pilares” da autonomia regional.