Autor: Lusa/AO On line
Elementos da associação Brent Gambern Ministeries Helping pediram quinta-feira ao coordenador da equipa de ajuda humanitária portuguesa, Elísio Oliveira, se podiam usar as instalações no aeroporto de Port-au-Prince.
O comandante da Protecção Civil, Elísio Oliveira, aceitou o pedido mas seguiu de imediato para a base da UNICEF em Port-au-Prince para lançar o alerta.
Instalados no campo português com quatro bebés haitianas, os elementos da associação foram surpreendidos pela chegada de uma equipa da UNICEF e da polícia da ONU.
Durante mais de uma hora, responsáveis da UNICEF interrogaram os responsáveis da associação e analisaram todos os documentos na posse dos elementos da Brent Gambern Ministeries Helping.
Apesar da apresentação de autorizações da embaixada norte-americana, vistos para as crianças, fotografias dos bebés com as futuras famílias de adopção, a UNICEF não fechou o processo.
Em declarações aos jornalistas, o representante da UNICEF no Haiti, Guido Cornale, reconheceu tratar-se de uma "situação que estava na fronteira", uma vez que "não foram seguidas as normas internacionais de adopção".
Guido Cornale abandonou as instalações com a promessa de contactar, durante a noite, a embaixada norte-americana para confirmar as informações que lhe tinham sido prestadas e sublinhou que pretendia ter o caso resolvido, "o mais tardar, durante a manhã de sexta-feira".
"Vamos saber se é um processo que está lá documentado e se tudo o que nos disseram corresponde à verdade", explicou.
Em declarações aos jornalistas, o responsável da associação que pretendia levar as crianças haitianas para adopção, Brent Gambern, saudou a actuação da UNICEF, lembrando que este tipo de acções "são necessárias" para impedir situações de tráfico de crianças.
Guido Cornale sublinhou a forma como Elísio Oliveira encaminhou o processo: "apreciamos este tipo de actuações, é pena acontecerem tão poucas vezes".
O projecto da associação norte-americana era levar mais de meia centena de crianças para os Estados Unidos para serem adoptadas.
Em declarações à Lusa, o responsável da organização disse já ter autorização para levar 36 crianças estando a ultimar os processos de adopção de outras tantas.
Os meninos haitianos estavam em dois orfanatos em Carrefour, uma cidade junto a Port-au-Prince, quando ocorreu o terramoto que matou milhares de pessoas.
Um dos orfanatos "ficou destruído mas foi possível salvar as crianças", disse à Lusa Brent Gambern.
Agora está nas mãos da UNICEF perceber se a associação está a actuar correctamente.