Açoriano Oriental
União de capitais de língua portuguesa discute combate às térmitas em Angra do Heroísmo
A União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) está reunida em Angra do Heroísmo para debater o combate às térmitas, um problema que afeta particularmente o arquipélago dos Açores.
União de capitais de língua portuguesa discute combate às térmitas em Angra do Heroísmo

Autor: Lusa/AO Online

De acordo com estudos da Universidade dos Açores, seriam necessários 175 milhões de euros para reconstruir as estruturas danificadas atualmente nos Açores e 51 milhões apenas para as tratar, mas o número pode quadruplicar se não houver uma intervenção imediata.

Orlando Guerreiro, que está a fazer neste momento um doutoramento nesta área, na Universidade dos Açores, defendeu que é preciso criar na região um gabinete específico e transversal, que reúna as preocupações com a habitação, o ambiente e, no caso de Angra do Heroísmo, que é cidade património mundial da Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e Cultura, também a cultura.

"Falta a meu ver uma plataforma transversal que faça uma gestão integrada, que ponha no mesmo banco de negociação os habitantes, as empresas, as câmaras e o Governo Regional", frisou, à margem dos trabalhos do IV Encontro Técnico da Rede de Proteção e Valorização dos Centros Históricos, que decorre hoje e amanhã, em Angra do Heroísmo.

O investigador propôs mesmo um levantamento socioeconómico dos proprietários dos edifícios infestados, bem como um levantamento das características das habitações, considerando que seria um passo importante para a implementação de um plano de combate à praga.

A térmita da madeira seca foi identificada no centro histórico de Angra do Heroísmo, em 2004, mas os dados recentes indicam que ela se está a alastrar e que já foi introduzida noutras zonas da ilha.

No arquipélago dos Açores, apenas em três ilhas (Corvo, Flores e Graciosa) não foram identificadas térmitas até ao momento.

Ainda este ano está prevista a introdução de uma nova técnica de combate às térmitas na ilha Terceira, que recorre ao calor, mas Orlando Guerreiro salientou que nunca será possível erradicar totalmente a praga, mesmo utilizando redes, armadilhas e químicos depois da desinfestação, uma vez que basta a casa do lado estar infestada para que as térmitas se alastrem.

O autarca de Angra do Heroísmo, cidade que foi capital do reino em 1830, considerou também que a infestação de térmitas é um dos principais desafios da cidade no futuro, dada a sua dimensão "avassaladora".

"A autarquia tem um conjunto de medidas complementares às que o Governo Regional também tem. No caso concreto, temos a isenção de taxas de tudo o que tenha a ver com a luta contra as térmitas na vertente do controle de licenciamento de obras e temos nós próprios também uma ação direta nesta matéria e estamos a fazer um investimento na casa dos 150 mil euros, visando a introdução de novas técnicas de tratamento na cidade", frisou.

Por sua vez, Nazaré Tojal, da Fundação Ricardo Espírito Santo, alertou para o "desinvestimento" recente na recuperação do património, defendendo uma conservação preventiva, para evitar que as obras de arte cheguem a um estado de degradação estrutural.

"O que há a fazer é uma conservação preventiva. Isso passa por uma manutenção adequada e constante e uma inspeção constante", frisou.

A infestação por térmitas nem sempre é detetável a olho nu nas obras de arte, porque elas atuam no interior, por isso, a restauradora sublinhou a necessidade de um diagnóstico feito por profissionais e da criação de equipas multidisciplinares.

Sem dados concretos, sobre a infestação de térmitas nas obras de arte nos Açores, Nazaré Tojal lembrou que este problema está "um pouco por todo o lado", salientando que as peças em madeira são "apetecíveis" para esta e para outras pragas, como o caruncho.

Até sexta-feira, estão reunidos em Angra do Heroísmo representantes de Guimarães, Lisboa e Mértola, mas também de Assomada e Ribeira Grande de Santiago/Cidade Velha, de Cabo Verde, Brasília, do Brasil, Cazenga e M' Banza Congo, de Angola, e de Macau.

A União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa foi criada há cerca de 30 anos e integra atualmente 40 cidades e outras empresas, dispondo de três redes temáticas.

 

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