Açoriano Oriental
Um mar de robôs criado em Lisboa pode apoiar pesca, ambiente e pessoas
Uma equipa de investigação universitária está a criar robôs marinhos que interagem e que, às dezenas ou centenas, podem trabalhar em áreas como a pesca, o ambiente ou em operações militares e missões de busca e salvamento.
Um mar de robôs criado em Lisboa pode apoiar pesca, ambiente e pessoas

Autor: AO/Lusa

 

Colocados por exemplo em alto mar os robôs podem trabalhar para um objetivo comum, seja detetar cardumes, poluição ou mesmo náufragos, ou medir a temperatura da água, sempre interagindo e substituindo-se se algum deixar de trabalhar.

O projeto, que começou há mais de dois anos e que se intitula “Um mar de robôs”, foi apresentado no mês passado numa conferência internacional sobre inteligência artificial em Arizona, nos Estados Unidos, ganhando o prémio para o melhor vídeo de robótica.

Ainda que não seja monetário, o prémio permite dar maior visibilidade ao projeto, que teve o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia e que está agora em busca de novos financiamentos para passar a uma fase seguinte, explicou à Lusa um dos responsáveis pelo “Mar de robôs”, Sancho Oliveira, professor de Informática de Robótica no ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa.

A equipa, de oito investigadores a trabalhar em parceria com o Instituto das Telecomunicações, fez já o “mais difícil”, que foi a programação, e está agora preparada para a segunda fase, de construção de robôs e de os apetrechar, e testar, com várias valências.

“São robôs muito simples, que funcionam numa lógica de formigas, um sozinho não faz grande coisa mas juntos, interagindo, podem criar grandes feitos. Não há um líder, todos são coordenados localmente para desenvolver uma tarefa, eles auto-organizam-se”, explica Sancho Oliveira.

Nas palavras do responsável para que o projeto tenha viabilidade (já foram feitos testes com uma dezena de robôs) é preciso que as máquinas sejam baratas, o que permite por exemplo estar presente em vários lugares, podendo combinar várias tecnologias.

A equipa está a trabalhar com produtores de aquacultura, para avaliar a possibilidade de vigilância ambiental, de controlo de pragas, mas o “mar de robôs” podia ser útil por exemplo no Mediterrâneo, para o caso dos migrantes, diz Sancho Oliveira.

Para já, no laboratório do ISCTE, estão arrumados uma dezena de pequenos barcos com um casco leve pintado de preto e equipados com componentes impressos em 3D. Cada barco robô tem um GPS, uma bússola digital e software de controlo. Tudo dentro de dois “taparueres” de plástico, estanques.

No futuro, explica o professor, uma nova geração de robôs pode ter acopladas diferentes funcionalidades. Assim haja financiamento a equipa está pronta para testar protótipos reais para resolver tarefas reais em ambiente real, e explorar as potencialidades a nível de negócio.

E parece muito simples, segundo as explicações oficiais do projeto: foram utilizadas abordagens inspiradas na natureza para conceber o enxame robótico e “em vez de programar os robôs manualmente para desempenhar uma tarefa, utilizaram algoritmos evolutivos para criar o software de controlo de cada robô”, que “imitam a teoria da evolução de Darwin para gerar a inteligência artificial que controla cada robô de forma automática”.

Cada robô é controlado por um “cérebro artificial” que permite o desempenho de tarefas sem ser necessário operadores ou controlo central.

E no futuro pode acontecer que um náufrago desesperado em alto mar veja aparecer-lhe um robô, e depois 10, e 20, uns equipados com boias, outros com câmaras de filmar, outros que comunicam para um navio que o vai salvar.

“Não é ficção científica. Estamos muito perto de conseguir isto, falta financiamento”, diz Sancho Oliveira.

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