Açoriano Oriental
Um ano após a queda do banco Ricardo Salgado está em prisão domiciliária
Quase de um ano depois da declaração de falência do Banco Espírito Santo (BES) e da criação do Novo Banco, o ex-banqueiro Ricardo Salgado está em prisão domiciliária, com polícia à porta da sua moradia em Cascais.
Um ano após a queda do banco Ricardo Salgado está em prisão domiciliária

Autor: AOnline/LUSA

Depois de ter sido interrogado a 24 de julho, pelo juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), a pedido do Ministério Público, Ricardo Salgado ficou sujeito à obrigação de permanência na residência, sem vigilância eletrónica (pulseira), mas com agentes da PSP à porta de casa, por se considerar existir perigo de fuga.

Além de Ricardo Salgado, que é também arguido num outro processo (Monte Branco) sobre branqueamento de capitais, foram ainda constituídos arguidos na investigação ao "Universo Espírito Santo" Isabel Almeida, ex-diretora diretora financeira do BES, que foi "braço direito" do antigo administrador Morais Pires, António Soares, ex-diretor do BES Vida, Pedro Luís Costa, ex-administrador do Espírito Santo Ativos Financeiros, José Castella, antigo responsável pela tesouraria do Gupo Espírito Santo, e Cláudia Boal de Faria, que pertenceu à área de vendas e estruturação do BES, responsável pela área da poupança do Novo Banco.

Ricardo Salgado - antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES) e do Grupo Espírito Santo (GES) - ficou também proibido, por decisão do juiz Carlos Alexandre, de contactar os outros cinco arguidos do caso.

À saída do TCIC, o principal advogado de Salgado, Francisco Proença de Carvalho, criticou a medida de coação aplicada pelo juiz Carlos Alexandre, descrevendo-a como “bastante desproporcional", anunciado a intenção de apresentar recurso para o Tribunal da Relação de Lisboa.

Em causa, na investigação ao "Universo Espírito Santo", que poderá contar futuramente com mais arguidos, estão suspeitas da prática de crimes de falsificação, falsificação informática, burla qualificada, abuso de confiança, fraude fiscal, corrupção no setor privado e branqueamento de capitais.

Alguns dos arguidos na investigação foram ouvidos na comissão de inquérito parlamentar ao caso BES e viram os seus bens serem arrestados, em junho, por forma a impedir a sua dissipação, pondo em causa pagamentos em caso de condenação.

Foram arrestados, por exemplo, recheio de casas, barcos, carros, dinheiro, ouro e joias, num processo conduzido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

A prisão domiciliária aplicada a Ricardo Salgado foi também muito criticada, sobretudo nas redes sociais, tanto mais que, quando ocorreu o escândalo do BPN, cujo "buraco" se cifrou em cerca de seis mil milhões de euros, o ex-presidente da instituição bancária, Oliveira Costa, ficou quase dois anos em prisão preventiva e prisão domiciliária, com pulseira eletrónica.

O BES, tal como era conhecido, acabou a 03 de agosto de 2014, quatro dias depois de apresentar um prejuízo semestral histórico de 3,6 mil milhões de euros.

O Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num 'banco bom', denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos, no BES, o 'banco mau' ('bad bank'), que ficou sem licença bancária.

Para garantir a capitalização do Novo Banco, a instituição recebeu uma injeção de 4.900 milhões de euros por parte do Fundo de Resolução bancário, um fundo gerido pelo Banco de Portugal e que detém 100% do capital do Novo Banco. Deste montante, 3.900 milhões resultam de um empréstimo remunerado feito pelo Estado e o restante resulta de um empréstimo, também remunerado, feito por vários bancos a operar em Portugal e de capitais do próprio Fundo de Resolução.

O Novo banco foi entretanto posto à venda havendo neste momento três interessados que terão até 07 de agosto para melhorar as suas propostas. A comunicação social tem referido que os selecionados são os grupos chineses Fosun e Anbang, a par do fundo norte-americano Apollo.

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