Autor: Lusa / AO online
"A experiência dos atentados em Paris, Nice, Berlim ou Londres diz-nos que vai ter efeitos, não só no número de turistas a visitar, porque é lógico que haja medo, mas também no estado de ânimo coletivo da cidade", lembrou o analista, em declarações à Lusa por telefone.
Mercader recordou que, em Paris, foi preciso esperar um ano para que se recuperasse o nível de consumo dos próprios habitantes da cidade.
"Creio que depois de passarem os primeiros momentos da crónica policial e da crónica política têm muito protagonismo, a autarquia terá de pensar em algum tipo de iniciativa" para tentar prevenir problemas.
Defendeu que se estude a experiência de Paris para tentar evitar as consequências negativas "ao máximo".
"Agora estamos todos na crónica do momento de dor e do ?não tenham medo', mas isto vai passar e será preciso objetivar e enfrentar as consequências", alertou, reiterando que "em todos os sítios onde houve atentados deste tipo o turismo ressentiu-se e a própria a atividade económica da cidade também.
"Barcelona não vai ser diferente".
Questionado sobre se o atentado poderá também afetar as relações entre a comunidade magrebina e as restantes comunidades de Barcelona - uma vez que os terroristas identificados pela polícia por envolvimento no atentado de quinta-feira são marroquinos ou de Melilla, Mercader manifestou-se otimista.
"Quero pensar que não, que isto não se vai traduzir numa tensão entre comunidades. Creio que a própria comunidade magrebina se porá em marcha para evitar a confusão entre um radical e uma comunidade que nunca foi conflituosa em Barcelona e na Catalunha.
Acrescentou que essa deverá ser aliás uma questão de consenso político: "Aqui haverá coincidência entre todos os partidos para que não se produza nenhuma brecha e nenhum confronto entre as comunidades", disse.
Espanha foi alvo na quinta e sexta-feira de dois ataques terroristas, em Barcelona e em Cambrils, Tarragona, que fizeram no total 14 mortos e 135 feridos.
Uma portuguesa de 74 anos, residente em Lisboa, está entre as vítimas mortais do ataque em Barcelona, e uma jovem de 20 anos, que a acompanhava, está desaparecida.
O ataque de Barcelona, em que uma furgoneta avançou sobre a multidão nas Ramblas, grande avenida do centro da capital catalã, matando 13 pessoas, foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Horas depois, na madrugada de sexta-feira, cinco homens num automóvel atropelaram um grupo de pessoas em Cambrils, a cerca de 100 quilómetros de Barcelona, fazendo um morto e cinco feridos.
O porta-voz da polícia catalã anunciou que foram feitas quatro detenções, três marroquinos e um espanhol, nenhum deles com antecedentes ligados ao terrorismo.