Açoriano Oriental
Trabalhadores de hospital alertam Governo dos Açores para desigualdades criadas por subida do salário mínimo regional
Cerca de trezentos trabalhadores do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, assinaram um abaixo-assinado enviado ao secretário regional da Saúde alegando desigualdades remuneratórias acentuadas com o aumento do salário mínimo regional.
Trabalhadores de hospital alertam Governo dos Açores para desigualdades criadas por subida do salário mínimo regional

Autor: Lusa / AO online

 

"É bom que o salário mínimo tenha vindo a subir, mas é mau quando há uma parte dos trabalhadores que têm sido desprezados face a essa situação. São trabalhadores que estão há anos com as carreiras congeladas, não sobem (de categoria) e o Governo tem desprezado estes trabalhadores não os colocando no mesmo patamar dos que recebem o salário mínimo regional", adiantou à agência Lusa José Herculano Rocha, referindo-se ao salário mínimo regional, atualizado para 584,85 euros desde 01 de janeiro.

A ideia deste "protesto" partiu de José Herculano Rocha, primeiro subscritor do abaixo-assinado e assistente operacional do HDES, a que se juntaram cerca de trezentos trabalhadores da administração pública regional, que estão nessa situação, nomeadamente assistentes operacionais, ou que estão de acordo com esta exposição, como técnicos, enfermeiros e médicos.

O documento enviado ao secretário regional da Saúde refere-se a uma situação "gritante de discriminação e desigualdade" provocada pelos aumentos dos salários mínimos regionais sem que sejam atualizadas categorias e tabelas salariais dos trabalhadores da administração pública regional dos Açores.

A título de exemplo, em 2016 o vencimento base em vigor para muitos trabalhadores do quadro era de 530,25 euros, enquanto o salário mínimo regional em vigor era de 556,50 euros.

"Conseguimos cerca de trezentas assinaturas e isto foi em pouco tempo, já que isto foi decidido na terça-feira passada. Isso demonstra que há uma grande revolta nestes trabalhadores e estamos também a ponderar uma petição a nível regional para que o governo não descuide esses trabalhadores. (...) Estamos a preparar a petição para que ela seja discutida no parlamento regional e para que todos os partidos se pronunciem sobre isso e decidam com justiça e legalidade", disse.

José Herculano Rocha defende o descongelamento de carreiras e o fim "das horas de trabalho extraordinário em demasia" que, além de estarem a levar os profissionais à exaustão, acentuam ainda mais a desigualdade entre trabalhadores das mesmas categorias, já que "as horas extraordinárias são calculadas sobre o valor hora do trabalhador".

"Os trabalhadores fazem o seu horário de trabalho, são de certa forma pressionados a fazer trabalho extraordinário. (...). Estão a ser praticamente escravos do trabalho, tanto assistentes operacionais, como técnicos, enfermeiros e médicos. Estão todos sobrecarregados com trabalho extraordinário e até posso dizer que alguns pagam para vir trabalhar e isto tem de acabar. Há falta de pessoal na administração pública, principalmente no setor da saúde, e acho que o Governo deve colocar nessas instituições os recursos humanos necessários", afirmou.

O secretário regional da Saúde avançou à agência Lusa que "ainda não conhece o teor da exposição", mas lembrou que o executivo açoriano "está aberto a ouvir as preocupações de todos os colaboradores do serviço regional de saúde e a resolver aquelas situações que estejam" ao seu alcance.

"Eu ainda não conheço o teor dessa exposição. De qualquer maneira, vamos analisar mal a recebamos(...). Toda a componente relacionada com carreiras é uma situação global, nacional e regional, ao nível dos congelamentos que a função pública tem tido ao longo dos últimos anos, mas de qualquer forma vamos ver o conteúdo da exposição e depois então verificar o que podemos fazer, desde que esteja ao nosso alcance", disse Rui Luís.

O secretário regional da Saúde afirmou ainda que o tema "deverá ser abordado" aquando da reunião agendada para o próximo dia 08 de fevereiro com o Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões.

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