Açoriano Oriental
Temperatura alta de outubro representa "período de transição" para novo padrão climatérico
O "desvio" das temperaturas que se regista em outubro significa que este é um "período de transição dos padrões climatéricos", não podendo ser diretamente interpretado como um sinal das alterações climáticas, explicou à Lusa o meteorologista Costa Alves
Temperatura alta de outubro representa "período de transição" para novo padrão climatérico

Autor: Lusa/AO online

"Não podemos encaixar tudo na mudança climática, isso é um processo longo que se desenha ao longo de alguns decénios. O que podemos dizer é que as diferenças significativas em relação ao padrão de há 20 anos atrás colocam o problema de estarmos num período de transição para outra configuração climática mas, em rigor, ainda não podemos dizer que já há mudança", disse Costa Alves, em declarações à Lusa.

O meteorologista explicou que a comunidade científica considera que, para se atingir "uma outra configuração climatérica", é preciso que a concentração de gases com efeito de estufa ultrapasse as 450 partes por milhão. Ora, atualmente, este valor está "pouco acima das 380 partes por milhão", abaixo do limite de referência.

Para Costa Alves, as temperaturas demasiados quentes para o mês de outubro podem "ser sinal de maior instabilidade do comportamento atmosférico", até porque "nos últimos 20 anos é maior a frequência de meses de janeiro secos, de meses de março secos e de verões muito quentes".

No entanto, o responsável entende que é possível inverter esta tendência se houver vontade da sociedade e dos grupos decisórios. "Estamos num período de transição que pode voltar para trás se a humanidade e os poderes económicos e políticos no mundo seguirem aquilo que a comunidade científica aponta e que falhou [nas cimeiras] em Copenhaga e em Cancun", afirmou.

"Podemos não atingir o limite de 450 partes por milhão [na concentração de gases com efeito de estufa]", disse ainda Costa Alves, reconhecendo que esse cenário é pouco provável: "Realmente, confiante não estou", afirmou.

"É paradoxal mas a crise económica implica uma diminuição das emissões e, ao mesmo tempo que há crise económica, há uma concentração da atenção sobre a crise e não nas medidas a tomar e aprofundar para que o programa da redução das emissões surta efeito. Portanto, se calhar o balanço não é nada propício a que avancemos neste domínio", alertou Costa Alves.

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