Autor: Paula Gouveia
De facto, os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística mostram que, embora se registe uma melhoria da taxa de abandono escolar precoce entre 2008 e 2009, a verdade é que continuam a apresentar a mais alta proporção de indivíduos entre os 18 e os 24 anos com apenas o 3º ciclo do ensino básico e que não estava a estudar. Em 2008, os Açores apresentavam uma taxa de abandono escolar precoce de 53,9 por cento, e em 2009 de 47,6 por cento, quando a média do país era de 35,4 por cento em 2008 e de 31,2 por cento em 2009.
Os dados ainda são mais preocupantes no que se refere à população masculina. Em 2008, a taxa de abandono escolar precoce situava-se nos 66,6 por cento, quando as mulheres apresentavam uma taxa de 40,5 por cento, sendo que as taxas para ambos os géneros são as mais altas de todo o país.
Outro dado relevante é referente ao nível de escolaridade da população activa portuguesa. Segundo o Observatório das Desigualdades, “os números têm vindo a melhorar, mas os baixos níveis qualificacionais ainda predominam”.
Cerca de 70 por cento da população activa portuguesa não tinha em 2008, um nível de escolaridade superior ao 3º ciclo do ensino básico, quando na Região, esta realidade estendia-se a 79,2 por cento dos açorianos. Por outro lado, Madeira e Açores, em 2008, eram as regiões que apresentavam uma maior proporção de activos sem qualquer escolarização, com 7 por cento e 5,1 por cento respectivamente.
Contudo, em 2009, regista-se uma melhoria na Região: 74,06 por cento com um nível de escolaridade inferior ao 3ºciclo, mas mantém-se a mesma percentagem de activos sem escolaridade (5,1 por cento).
Os dados acima referidos mostram que há, na Região, ainda factores estruturais que levam a que os açorianos abandonem a escola cedo. Como refere Licínio Tomás, director do curso de Sociologia na Universidade dos Açores, por um lado “temos uma tradição em certos sectores - como a construção civil e as pescas - e por outro, um nível de mentalidade que não deu o salto para uma sociedade de conhecimento e informação”, sublinha.
Leia esta notícia na íntegra no jornal Açoriano Oriental de Domingo,
Dia 21 de Março de 2010