Açoriano Oriental
Taiwaneses rejeitam a possibilidade de reunificação com receio de perderem liberdades
Os taiwaneses incentivam a cooperação económica entre a Formosa e a China, que acreditam ser benéfica para ambas as partes, mas rejeitam a possibilidade de reunificação com receio de perderem liberdades e o direito à democracia.

Autor: Lusa / AO online

A tensão entre os dois lados do Estreito tem marcado, de forma silenciosa, a vida dos taiwaneses há mais de meio século, mas hoje a ilha nacionalista, que não abdica da sua independência, sem forçar o braço de ferro, encara com otimismo uma cooperação com o gigante asiático, sem tocar no campo político.

Mike, 40 anos, residente em Taipé, salientou em declarações à agência Lusa que “Taiwan é um país pequeno com as mesmas raízes da China”, mas ao considerar que, se em termos económicos, a Formosa “depende do continente chinês”, realça que, “do ponto de vista político, é independente há 50 anos”.

“Temos diferentes sistemas políticos e as pessoas de Taiwan têm uma mentalidade diferente das do continente chinês”, observou.

Ao sublinhar que a “China quer que Taiwan adote o modelo ‘um país, dois sistemas’, como Macau e Hong Kong”, Mike constatou que este “é o pensamento tradicional” do gigante asiático, “imperialista”, que, defendeu, “é contrário à democracia”: “Sem dúvida que perderíamos as nossas liberdades se esse modelo fosse implementado em Taiwan”, disse.

“Não poderíamos aceitar isso”, acrescentou ao realçar que “apenas uma minoria dos taiwaneses, com negócios e interesses no continente chinês, defende a reunificação”.

Jack, 22 anos, também rejeita a possibilidade de reunificação, defendendo, antes, que Taiwan e China “podem cooperar em termos económicos, culturais ou outros, com benefício de ambas as partes, mas com exceção da política”.

“Não acredito que a reunificação vá acontecer, nem gostaria que acontecesse, pois isso levaria a que Taiwan perdesse a sua tradição e vantagem (democracia)”, disse à Lusa ao sublinhar, porém, que acredita num “futuro promissor” das relações entre os dois lados do Estreito com a assinatura, em junho, do acordo de cooperação económica.

Lewis, 80 anos, ex-militar que combateu na guerra civil chinesa, tendo-se refugiado em Taiwan, em 1949, com o Governo do Partido Nacionalista após a tomada do poder pelo Partido Comunista, é dos poucos na Formosa que defende a existência de “um só país” e acredita na reunificação.

“Em Taiwan, temos todos a mesma origem (China), portanto não vejo necessidade de haver separação por causa de questões políticas. Com o decorrer do tempo, talvez as pessoas se aproximem e ocorra a reunificação”, disse ao observar que “algumas pessoas de Taiwan acham que são diferentes dos chineses, apenas por questões políticas”.

“Taiwan progrediu no sentido da democracia, mas a China estagnou por ser controlada apenas por um partido”, realçou ao observar que a China “já revela algum progresso”: “O Partido Comunista chinês é hoje muito diferente do de 1949, especialmente por interesses económicos”, defendeu.

“Um acordo de cooperação com Taiwan era impossível há dez anos”, constatou Lewis ao confessar o desejo, pelas relações Taiwan/China e pela família que tem no continente chinês, que o Partido Comunista “se torne, futuramente, mais aberto como a América”.

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