Açoriano Oriental
Syriza vence eleições na Grécia e declara fim da 'troika' e da austeridade
O partido anti-austeridade de esquerda grego Syriza obteve hoje uma vitória clara nas eleições gerais, com o líder, Alexis Tsipras, a declarar o fim da austeridade e da 'troika'.
Syriza vence eleições na Grécia e declara fim da 'troika' e da austeridade

Autor: LUSA/AO Online

“O veredicto do povo grego significa o fim da ‘troika’”, a estrutura de supervisão da economia da Grécia constituída pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional que desde 2010 avalia as medidas de austeridade impostas a troco de empréstimos de 240 mil milhões de euros. Tsipras, 40 anos, afirmou que “o povo escreveu História” e “deu um mandato claro” ao Syriza, “depois de cinco anos de humilhação”, e assegurou que vai negociar com os credores uma “nova solução viável” para a Grécia. O Syriza obteve uma clara vitória com 35,9% dos votos, quando estão contados 50% dos boletins. O resultado não lhe garante maioria absoluta (151 de 300 deputados) e vai possivelmente obrigar a negociações para uma coligação parlamentar. A Nova Democracia (direita), do primeiro-ministro Antonis Samaras, obteve 28,3% e o terceiro partido mais votado foi o neonazi Aurora Dourada, com 6,4%. Samaras reconheceu a derrota mas, tendo feito campanha pelo perigo de uma vitória do Syriza levar a uma saída da Grécia da zona euro, não deixou de dizer numa curta declaração à imprensa: “Entrego um país que é parte da União Europeia e do euro. Para o bem deste país, espero que o próximo governo mantenha o que foi alcançado”. Vários partidos afins, do português Bloco de Esquerda (BE) ao espanhol Podemos, saudaram a vitória do Syriza quando ainda eram apenas conhecidas projeções. "A vitória do Syriza hoje na Grécia, esta vitória tão expressiva, é a vitória da dignidade contra a austeridade, é a vitória da democracia contra a chantagem", afirmou Catarina Martins, numa declaração na sede do BE em Lisboa, onde esta noite cerca de meia centena de ‘bloquistas' acompanham a noite eleitoral grega. "Os gregos deram esta lição de democracia à Europa ao escolher a alternativa, ao dizerem em alto e bom som que querem que se reestruture a dívida soberana da Grécia para que a Grécia tenha os recursos para criar emprego, para ter salário, para ter dignidade", frisou. “A esperança está a chegar, o medo está a partir. Syriza, Podemos, vamos vencer”, disse o líder do Podemos, Pablo Iglesias, perante cerca de 8.000 militantes em Valência (leste de Espanha). “Dizem que o caos se vai instalar na Grécia. Eu digo que o caos está na Grécia. O caos é três milhões de pessoas não receberem assistência sanitária, é 25% de trabalhadores serem pobres apesar de terem um contrato. Não quero que transformem o meu país na Grécia e é por isso que temos de ganhar”, disse o líder partidário espanhol. Em Bruxelas, o presidente do grupo dos Socialistas Europeus no Parlamento Europeu, Gianni Pitella, considerou que o povo grego optou claramente por romper com a austeridade imposta pela ‘troika’. Segundo o líder do grupo S&D, que inclui a delegação do PS ao Parlamento Europeu, os resultados das eleições que o povo grego quer que o novo governo traga “políticas justas, com mais justiça social”, a renegociação da dívida da Grécia e a extensão do seu programa de ajustamento “devem deixar de ser consideradas tabus”. “A vontade do povo grego deve ser respeitada por todas as instituições da UE e Estados-membros”, sublinhou. Já o Partido Popular Europeu (PPE), a maior família política europeia, de centro-direita, lamentou o resultado das eleições e vaticinou que, “em breve”, os gregos verão que as promessas do Syriza foram meras “mentiras eleitorais”. "É dececionante ver que o caminho correto e honesto escolhido por Antonis Samaras para a Grécia não foi reconhecido. O caminho de reforma está a dar frutos e precisa ser continuado. Em breve tornar-se-á claro que as promessas feitas pelo Syriza ao povo grego não são nada além de mentiras eleitorais”, declarou o líder do grupo PPE no Parlamento Europeu, Manfred Weber, num comunicado. O líder do PPE, família à qual pertence o partido Nova Democracia do primeiro-ministro cessante Antonis Samaras, acrescentou que “os contribuintes europeus não estão prontos para pagar as promessas vazias do senhor Tsipras”. O presidente do Bundesbank, banco central alemão, Jens Weidmann, considerou, por seu turno, que a economia da Grécia continua a precisar de apoio externo e disse que esse apoio só se justifica quando "se respeitam os acordos", numa alusão à ideia defendida pelo Syriza de uma renegociação da dívida da Grécia. O presidente do banco central alemão disse confiar que "o novo governo grego não faça promessas ilusórias às quais o país não se pode permitir" e que continue com as reformas estruturais necessárias, sem pôr em causa o que foi conseguido até agora.

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