Açoriano Oriental
Surpresa e dúvidas com vitória de Trump na ilha Terceira
Na Praia da Vitória, onde está situada a base das Lajes, a vitória de Donald Trump nas eleições dos EUA foi recebida com surpresa e algumas dúvidas sobre a presença militar norte-americana na ilha Terceira.
Surpresa e dúvidas com vitória de Trump na ilha Terceira

Autor: Lusa/AO Online

 

Esta manhã, nos cafés junto à base das Lajes, as eleições norte-americanas dominavam muitas conversas, com a maioria dos comentários a registar surpresa e desagrado com a vitória do candidato republicano, ainda que muitos tenham optado por não prestar declarações.

António Faria, ex-funcionário da base das Lajes, disse à Lusa que considerava uma “péssima escolha” e que tinha ficado surpreendido com o resultado eleitoral e com a forma como a campanha foi feita.

“Como é que os americanos conseguem colocar um voto numa pessoa que não inspira a mínima confiança, quer em relação às políticas do seu país, quer em relação à política global?”, questionou.

A administração norte-americana anunciou em janeiro de 2015 uma redução do contingente militar, que, até setembro deste ano, deveria passar de 600 para 165.

Atualmente, ainda estão na base perto de 300 militares, mas são colocados por períodos de um ano e sem acompanhamento de familiares.

Desde setembro de 2015, a força laboral portuguesa foi reduzida praticamente a metade, passando de cerca de 800 funcionários para 410.

Questionado sobre o futuro da base das Lajes, com Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, António Faria disse que é difícil nesta altura perceber se haverá alguma mudança.

“É uma grande incógnita, tendo em conta que ele é uma pessoa que hoje pode dizer uma coisa e fazer outra e amanhã recuar naquilo que disse ou fez anteriormente”, salientou.

Já André Costa, atual funcionário da base das Lajes, mostrou-se mais confiante numa mudança de política em relação à presença militar norte-americana na ilha.

“Estou convencido que uma posição mais militar da parte dele se calhar vai reordenar estrategicamente as Lajes”, adiantou.

O funcionário da base das Lajes também foi apanhado de surpresa com o resultado das eleições norte-americanas, mas não se mostrou apreensivo com a governação de Donald Trump.

“Não estava à espera, mas também acho que tudo o que foi diabolizado relativamente à campanha agora vai ser mais suave, porque ele não vai tomar as decisões sozinho. Penso que ele será bem rodeado ou pelo menos de pessoas mais razoáveis do que ele”, frisou.

André Costa disse ainda estar convencido de que Donald Trump era o candidato preferido entre a comunidade militar norte-americana.

“Tudo quanto é militar ou muitos deles, com quem trabalhei e que já cá não estão, estavam a favor do Trump, pela posição dele de apoiar os veteranos”, salientou.

Na freguesia do Porto Martins, onde chegaram a estar arrendadas a militares cerca de 300 casas, a presença norte-americana é atualmente praticamente inexistente.

As eleições nos Estados Unidos passaram despercebidas para muitos dos habitantes da freguesia e a maioria preferiu não comentar a vitória de Trump.

“Havia muitos militares cá fora, convivia-se mais com eles. Hoje em dia, há poucos e os poucos tem basicamente estão lá dentro [na base]”, salientou Bruno Silva, residente no concelho da Praia da Vitória, que se encontrava no Porto Martins em trabalho.

Igualmente surpreendido com a vitória do candidato republicano, Bruno Silva mostrou-se apreensivo com a escolha, mas disse não acreditar em grandes mudanças na base das Lajes.

“Não é a pessoa indicada para o cargo. A nível profissional até conseguiu construir uma grande fortuna, mas acho que é uma pessoa racista e por isso não é indicada para o cargo”, frisou.

 

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