Açoriano Oriental
Sindicato diz ser necessário "esclarecer" açorianos sobre privatização da SATA

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) considerou esta terça-feira ser "necessário esclarecer" a opinião pública e os açorianos sobre a gestão da SATA e a privatização parcial do negócio que assegura ligações para fora do arquipélago.

Sindicato diz ser necessário "esclarecer" açorianos sobre privatização da SATA

Autor: Lusa/AO online

"Consideramos que é necessário esclarecer a opinião pública e em especial o povo açoriano sobre factos de todo inadmissíveis e que relegam a companhia para níveis de gestão inaceitáveis numa companhia de Estado, representante de uma Região Autónoma", frisa o SNPVAC, em comunicado enviado à imprensa.

O sindicato diz que na segunda-feira promoveu uma reunião com um grupo de pilotos da transportadora aérea açoriana "no sentido de avaliar o processo de privatização e as consequências da má gestão a que a empresa SATA tem sido sujeita por parte da administração com os prejuízos já sobejamente conhecidos".

A SATA Internacional/Azores Airlines, que engloba as operações da companhia aérea para fora dos Açores, fechou o terceiro trimestre de 2017 com um prejuízo de 20,6 milhões de euros, estando ainda por fechar as contas finais do ano, numa altura em que decorre um processo de privatização de até 49% da participação social indireta que a região detém na empresa.

De acordo com informações enviadas pelo Governo Regional à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA), e referentes às contas das empresas do setor público açoriano, ao prejuízo da Sata Internacional junta-se um resultado líquido negativo de 4,54 milhões de euros da Sata Air Açores, responsável pelas ligações aéreas dentro do arquipélago.

O sindicato diz haver "falta de pilotos" na SATA Internacional/Azores Airlines e que tal é "resultante do mau planeamento feito pelo Conselho de Administração" da empresa que, prossegue a nota de hoje, "até poderá ser intencional" e que "continuará a permitir que se aumente a dívida da empresa".

E prossegue o SNPVAV: "Assim, os novos [aviões] A321 já chegaram e com eles o problema de não terem sido feitas as admissões em tempo útil com o resultado final de, neste momento, não termos pilotos para os voar. Inequivocamente, esta situação representa a queda da máscara que tem disfarçado tanta incompetência; ter aviões e não ter pilotos para os voar é neste caso o erro máximo de gestão, a negligência extrema, a prova provada de uma gestão danosa".

O presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, nomeou em fevereiro a comissão especial que vai acompanhar a alienação parcial de até 49% da participação social indireta que a região detém na companhia aérea.

A comissão é presidida pelo advogado Luís Paulo Elias Pereira e integra ainda o economista António Gabriel Fraga Martins Maio e o professor universitário da área da gestão de empresas João Carlos Aguiar Teixeira.

Compete à comissão, realça o executivo açoriano, "elaborar os pareceres e relatórios que o Governo dos Açores entenda necessários sobre as matérias relacionadas com o processo, apreciar e submeter aos órgãos e entidades competentes quaisquer reclamações que lhes sejam submetidas e publicar um relatório final das suas atividades".

O processo público de alienação de 49% da Azores Airlines procura um "parceiro estratégico" que garanta "robustez" à transportadora aérea, indicou no passado o líder do Governo dos Açores.

A Azores Airlines, que faz voos de e para fora do arquipélago açoriano, "opera, atualmente, numa realidade bastante diferente da do passado recente", vincou na ocasião Vasco Cordeiro, lembrando o governante que "há pouco mais de três anos operavam regularmente nos Açores duas companhias com gestão 100% pública".

"Hoje, este cenário alterou-se profundamente havendo mais companhias a operar nos Açores e apenas uma, a SATA, com gestão pública. Mesmo a nível europeu, em cerca de uma década, grandes companhias aéreas de bandeira foram absorvidas por capitais privados e, mais recentemente, mesmo companhias de baixo-custo, consideradas o modelo de sucesso da aviação civil, estão a enfrentar graves constrangimentos operacionais", sublinhou ainda à época o chefe do executivo dos Açores.

A "nova realidade" do mercado obriga a uma "permanente" avaliação da SATA e, em concreto, da Azores Airlines.


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