Açoriano Oriental
Sindicato denuncia “degradação de condições” laborais na Universidade dos Açores

O Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESUP) declarou esta sexta-feira que os docentes da Universidade dos Açores “estão a pagar a fatura” da redução das verbas para as universidades e fala em “financiamento” próprio na aquisição de equipamentos.

Sindicato denuncia “degradação de condições” laborais na Universidade dos Açores

Autor: Lusa/AO online

“Na prática, quem anda a pagar a fatura deste subfinanciamento crónico do ensino superior e nomeadamente, da Universidade dos Açores, são os docentes”, denunciou o sindicalista Mário Viana, falando à agência Lusa.

O delegado sindical nos Açores e membro do conselho nacional do SNESUP fala em “degradação das condições de trabalho dos docentes e investigadores da Universidade dos Açores” valendo-se de vários exemplos.

“Os docentes têm cargas horárias excessivas, muito para além daquilo que é previsto no estatuto da carreira docente universitária, temos também que financiar a nossa própria atividade porque não existem verbas para aquisição de computadores, além de todas as outras despesas que nós temos nesta atividade com aquisição de bibliografia e recentemente nós próprios é que temos de comprar o nosso tinteiro para as impressoras, o papel, etc”, disse.

O professor da Universidade dos Açores dá o exemplo da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, que “tem cerca de metade dos alunos da Universidade dos Açores" e “cerca de 34% dos recursos humanos” e que isso cria “um desequilíbrio”, prejudicando os docentes.

“Temos perdido imensa gente em termos de docentes, pessoas que são reformadas, alguns enveredam pela carreira política, etc, e essas pessoas não são substituídas e o que acontece é que o serviço docente dessas pessoas é distribuído pelos que ficam, que ficam com mais horas, mais unidades curriculares para lecionarem”, disse.

Segundo o sindicalista, existe um “problema estrutural” que se arrasta e que “penaliza e coloca em desvantagem” os professores da Universidade dos Açores, a única na Região, comparativamente às academias nacionais.

“A questão do subfinanciamento abrange todo o país, mas há situações muito diferenciadas de universidades para universidades. Há universidades que têm superavits financeiros como por exemplo Porto, Lisboa e Coimbra e há universidades como a Universidade dos Açores que estão sistematicamente estranguladas em termos financeiros pela tutela”, sublinhou.

Mário Viana denuncia ainda “a impossibilidade de serem concedidas licenças sabáticas”, impedindo os professores de investirem “na investigação e progressão da carreira” e lembra que o estatuto da carreira docente universitária não está a ser cumprido em vários aspetos, nomeadamente nos rácios dos professores associados e catedráticos e na compensação devida das horas lecionadas a mais pelos docentes.

O SNESUP quer levar todos estes assuntos a uma reunião com o reitor da Universidade dos Açores, que será eleito na próxima semana, para que este “tome as medidas necessárias” para a resolução de “situações” que colocam em causa “a qualidade do ensino da instituição”.

“Esperamos que a seguir à eleição do novo reitor haja maior abertura para o diálogo com os docentes e com os representantes dos docentes, nomeadamente os sindicais, para procurarmos soluções”, disse.

A agência Lusa contactou o reitor da Universidade dos Açores, que “não comenta” as acusações do SNESUP.

João Luís Gaspar lembra que “está em curso um processo eleitoral” e rejeita fazer qualquer comentário tendo em conta “o período que está a decorrer”.

João Luís Gaspar, atual reitor, e Tomás Dentinho, professor universitário e economista, são os dois únicos candidatos ao cargo de reitor da Universidade dos Açores, num ato eleitoral previsto para a próxima semana.


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