Açoriano Oriental
Rússia aposta em Donald Trump para ultrapassar sanções económicas
O Presidente russo quer tornar o seu país grande outra vez e pode vir a precisar da ajuda do chefe de Estado eleito nos Estados Unidos, Donald Trump, para ultrapassar as sanções económicas impostas há anos.
Rússia aposta em Donald Trump para ultrapassar sanções económicas

Autor: Lusa/AO Online

Apesar de o governo de Vladimir Putin ter negado qualquer envolvimento nas eleições presidenciais nos Estados Unidos, a vitória de Trump foi vista como uma vitória para Moscovo, de acordo com a agência Associated Press(AP), que cita membros do partido de Putin, Rússia Unida.

"Afinal a Rússia Unida ganhou as eleições nos Estados Unidos", disse, ao ser entrevistado por uma rádio, o governador de Omsk, Viktor Nazarov.

Em outubro, os serviços secretos dos Estados Unidos afirmaram que o governo russo tinha acedido ao correio eletrónio de cidadãos e instituições norte-americanos e entregado mensagens aos sites DCLeaks.com e WikiLeaks para serem divulgados.

Em julho, os 'emails' pirateados da Comissão Nacional Democrata (DNC) que indicaram que os líderes do Partido Democrata favoreciam a candidata Hillary Clinton em detrimento do senador Bernie Sanders nas eleições primárias levaram à demissão da presidente da DNC Debbie Wasserman.

Desde o colapso da União Soviética, em 1991, a Rússia tem tentado manter-se em pé de igualdade com os Estados Unidos, estendendo o seu território sempre que possível, contrariando as ações militares norte-americanas e colocando-se na posição de rival da maior economia mundial.

As suas ambições sofreram um revés em 2014 quando a administração de Barack Obama autorizou sanções contra setores da economia russa, incluindo serviços financeiros, energia, exploração mineira e defesa.

A administração norte-americana também sancionou os colaboradores mais próximos de Putin, acusados de minar a paz na Ucrânia. Às sanções juntam-se a descida dos preços do petróleo e um rublo fraco que impediram o crescimento da economia russa.

O impacto foi extenso. O fundo soberano da Rússia tinha 87 mil milhões de dólares (cerca de 81,5 mil milhões de euros) em bens em dezembro de 2013, de acordo com o Ministério das Finanças russo.

A 01 de junho passado, tinha descido para 38 mil milhões de dólares, na sequência de vendas efetuadas por Moscovo para equilibrar défices orçamentais. As trocas comerciais dos Estados Unidos com a Rússia desceram de 34 mil milhões de dólares em 2014 para 23 mil milhões em 2015.

"Levantar as restrições às exportações de tecnologia, software, coisas que realmente podem ajudar a indústria russa na extração de petróleo e gás" vão ser a prioridade máxima, disse Boris Zilberman, perito russo do Centro sobre Sanções e Finanças Ilícitas da Fundação para a Defesa das Democracias.

A promessa de Trump de maior cooperação com a Rússia desencadeou algumas preocupações nos Estados Unidos. Durante a campanha, o presidente eleito afirmou que, sob a sua liderança, Washington podia decidir não defender alguns membros da NATO em caso de ataque da Rússia, indicando que a decisão seria tomada após análise do cumprimento pelas repúblicas bálticas "das obrigações com os Estados Unidos".

Mas as posições de Trump são difíceis de avaliar porque muitas vezes afastam-se das propostas mais controversas. A escolha para futuro secretário da Defesa, o general na reserva James Mattis, considerou a agressão russa contra a Ucrânia um problema "muito mais grave e sério" do que Washington e a UE o tratam.

Putin e Trump falaram logo após a vitória do republicano e uma declaração da equipa de transição garantia que o presidente eleito disse ao chefe de Estado russo esperar "uma relação forte e duradoura".

Observadores consideraram que a Rússia não vai deixar de interferir na política norte-americana com a vitória de Trump.

"A produção está a diminuir ao longo do tempo e a Rússia está a tentar a exploração 'off-shore' no Ártico e para fazer isso, precisa de tecnologia ocidental", afirmou Zilberman.

"Não é que Putin seja contra o Partido Democrata, ele é mais contra os Estados Unidos e contra tudo aquilo que prejudicar os interesses russos", disse.

"Nada garante que da próxima vez a Rússia não ataque o Partido Republicano e divulgue os 'emails' da administração Trump, se favorecer" Putin, acrescentou.

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