Açoriano Oriental
Rui Nunes recorda "grande obreiro" da introdução da bioética
O presidente da Associação Portuguesa de Bioética recorda o médico Daniel Serrão, que hoje morreu aos 88 anos, como

Autor: AO/Lusa

 

“Uma das personagens mais marcantes da vida portuguesa nos finais do sec XX e princípios do sec XXI, em primeiro lugar porque, sendo um católico convicto, tinha uma visão humanista da sociedade e uma curiosidade científica ímpar, o que lhe permitiu ter uma abrangência muito grande em diferentes atividades e em diferentes setores da sociedade portuguesa”, recordou à Lusa Rui Nunes.

O também especialista em bioética afirma ter tido “o privilégio” de acompanhar Daniel Serrão ao longo de cerca de 30 anos e de privar com ele na faculdade de medicina do Porto.

Esse caminho feito em conjunto, permitiu-lhe testemunhar que Daniel Serrão “foi um dos grandes obreiros da introdução em Portugal da bioética, enquanto um novo domínio científico multidisciplinar e que no fundo contribuiu decisivamente para muitas das evoluções entretanto ocorridas na sociedade”.

“Ou seja, ele foi um pioneiro nesta área do conhecimento, ajudou a criar uma escola que penso que é hoje de referência na universidade do Porto e também na cena internacional e para além deste avanço técnico e científico e académico naturalmente traduziu-se em evoluções importantes da sociedade portuguesa, como agora se constata com a legalização do testamento vital e outros passos que tiveram essa visão precursora em Daniel Serrão”.

O presidente da Associação Portuguesa de Bioética sublinha ainda que o médico hoje falecido teve “essa clarividência de perceber que o mundo estava em mutação, isto há 30/40 anos atrás, que sobretudo no domínio das ciências da vida, da biologia, da genética, da reprodução, da transplantação de órgãos e das questões éticas do fim da vida humana, que a ética tradicional não respondia aos desafios da sociedade contemporânea e que era preciso introduzir em Portugal uma maneira diferente de pensar”.

“E eu creio que foi bem-sucedido, tive o privilégio modestamente de colaborar nessa trajetória e de testemunhar esta evolução ao longo dos últimos 30 anos em Portugal”, frisou.

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